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Tecnologia influencia novos hábitos culturais, apontam especialistas

Pesquisa da Fundação Seade indica movimento mediano em cinemas e baixo em bibliotecas; pandemia teria facilitado migração para o digital

Renan Soares
17/03/2024 | 08:55
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FOTO: Claudinei Plaza/DGABC


Segundo mostrou a pesquisa ‘Cultura: percepção da população sobre oferta, qualidade e uso dos serviços de cultura’, conduzida pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), do governo estadual, os moradores de Santo André e São Bernardo têm preferido shows ou espetáculos ao escolher eventos culturais. Espaços como cinemas e bibliotecas registraram números medianos ou baixos e, segundo especialistas, fato pode estar ligado à pandemia e ao avanço da tecnologia.

Para o cineasta Diaulas Ullysses, o cinema no Grande ABC sofreu muito com inúmeros desgastes, como ações de desinformação do passado contra a arte e cultura no Brasil, e mais recentemente, a pandemia da Covid-19, que para ele fez o ser humano fixar toda sua vida dentro de casa, como trabalho, relações, lazer e cultura, justamente pelas diversas possibilidades que a tecnologia oferece, que antes não eram necessárias.

“Hoje, com o desgaste humano, o desmonte das maiorias das salas de rua e as dos shoppings com preços não favoráveis, chegamos a um patamar muito baixo de acesso e desejo de frequentar uma sala de cinema na região. Quem perde é o frequentador do Grande ABC, que não terá uma sala escura com projeção impecável e a mais incrível sensação de assistir a um filme em grupo”, avalia o cineasta.

Já Bruna Ramos da Fonte, jornalista são-bernardense radicada em Santo André e autora de diversos títulos, incluindo as biografias de Sidney Magal e Roberto Menescal, aponta que o número mediano de leitores e reduzido na questão das bibliotecas reflete uma baixa procura não só dos jovens, mas do público em geral. Para a autora, o motivo para tais registros passa pelo alto tempo que se gasta com o uso da tecnologia.

“A explicação é a quantidade de tempo que passamos na frente das telas. Até as pessoas que tiveram uma formação como leitoras também perderam esse hábito, justamente porque perdemos muito tempo nas redes sociais. A leitura é um momento de atenção profunda, na qual tem de se concentrar naquilo que se está lendo para entender”, defende Bruna. 

SANTO ANDRÉ

Ao Diário, a secretária de Cultura de Santo André, Simone Zárate, apontou que as duas maiores bibliotecas do município, Cecília Meireles e Nair Lacerda, foram fechadas para obras durante grande parte do intervalo de tempo da pesquisa. Porém, ela afirma que também vê uma mudança de hábitos após a pandemia, já que foram descobertos outros meios para se acessar cultura, incluindo livros. O município, por exemplo, tem uma biblioteca digital que registrou cerca de 700 mil acessos em 2023, segundo a Pasta.

“Por exemplo, as pessoas saíam de casa, pois gostam de ir ao cinema, mas apareceu uma série de plataformas de streaming”, explica Zárate. “A biblioteca não funciona mais como um local único de pesquisa, porque se tem acesso há muito mais informações na minha própria casa”, finaliza.




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