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Diante da negativa da Prefeitura de São Bernardo em oferecer reajuste salarial aos servidores do município, a categoria ameaça entrar em greve geral na próxima semana. Em duas novas reuniões com representantes do Executivo - quinta-feira e sexta-feira -, o presidente do Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos) de São Bernardo, Carlos Roberto Silva, o Ketu, voltou a ouvir a proposta de 0% de reajuste.
Na sexta-feira, em assembleia com os funcionários, ele classificou como "decepcionante" a atitude da administração. "As negociações não avançaram, pois a Prefeitura não se sensibilizou com nossa situação. A ideia da greve vai amadurecer durante a semana, mas já estamos iniciando o processo de greve", afirmou Ketu.
Para quarta-feira, está prevista manifestação na Igreja Matriz. No sábado, os servidores prometem uma caminhada do Paço à Matriz.
Já são três meses de negociação entre o Sindserv e a Prefeitura. Nesse período, cerca de dez reuniões foram realizadas e nada foi resolvido, pois nenhuma proposta foi efetivada. Um dos principais argumentos dos trabalhadores foi a planilha de finanças do primeiro quadrimestre, apresentada em audiência pública por técnicos do Executivo.
"Tudo que era relacionado à questão financeira foi ignorado. Houve diminuição de gastos e aumento de receita. A administração poderia ter feito esforço maior. Faltou vontade política", reclamou Ketu, na oportunidade.
A situação entre os funcionários públicos e a administração se agravou no dia 16, data-limite para que o Executivo fizesse uma proposta de melhoria salarial. Na ocasião, porém, a Prefeitura ofereceu 0% de reajuste. Nem mesmo a correção da inflação nos últimos 12 meses, avaliada em aproximadamente 6,5%, foi ofertada.
Também não foram atendidos pedidos do Sindiserv referentes a benefícios - a pauta de reivindicações possui 14 itens. O valor do vale-transporte pago atualmente é de R$ 78. O sindicato propôs que, ao menos, sejam garantidos os R$ 2,50 das passagens de ônibus de ida e volta, o que elevaria o auxílio para, no mínimo, R$ 100 mensais. A reivindicação de dobrar o repasse do auxílio-alimentação também foi ignorada. A categoria pretendia elevar os atuais R$ 5,50 por refeição para R$ 11.
A Prefeitura efetivou proposta apenas para uma parte do funcionalismo. O Executivo ofereceu aumento de 6% para servidores em regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) com piso de R$ 516, que elevaria em somente R$ 30 os vencimentos.
Diante da situação, o Sindserv organizou manifestações. Na quarta-feira pela manhã os trabalhadores paralisaram as atividades e protestaram em frente ao Paço. Cerca de 2 mil funcionários aderiram à greve parcial. À tarde eles voltaram ao trabalho.
O sindicato também distribuiu 30 mil panfletos à população explicando a situação dos servidores. A greve geral sempre foi tratada com cautela, mas nunca descartada.
"Isso é ruim para os trabalhadores, para a Prefeitura e para o sindicato. Não queremos isso. Esperamos resolver no diálogo", frisa Ketu.
Levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta que, no período de 1997 a 2007, a defasagem salarial dos funcionários públicos de São Bernardo chegou a 46%. A folha de pagamento é de R$ 450 milhões anuais.
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