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Bandido invade escola de Sto.André durante recreio
Sucena Shkrada Resk
Do Diário do Grande ABC
15/04/2005 | 13:50
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Em pleno horário de recreio, às 10h15 de quinta-feira, a Emeief Jardim Guarará, em Santo André, foi invadida por um ladrão em fuga. Alunos, professores e funcionários correram, se trancaram nas salas e deitaram no chão, protegendo-se sob as carteiras. O invasor entrou pelo portão principal, que estava aberto, e foi seguido por vários policiais militares que tentavam capturá-lo. Diversas testemunhas afirmaram ter ouvido tiros durante a perseguição, mas não souberam identificar o autor dos disparos.

Segundo os policiais militares, o fugitivo e um comparsa tinham rendido o motorista de uma Kombi que carregava 148 caixas de produtos da Avon na rua dos Ciprestes, no mesmo bairro. Ao perceberem a aproximação de uma viatura da PM, abandonaram o carro com o refém num canteiro da rua Saracantá, em frente à Emeief. A dupla teria se dispersado e um deles entrou na escola. Para explicar o portão aberto, a Prefeitura argumenta que no momento do incidente ocorria entrega de marmitex para funcionários da unidade, informação confirmada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais.

Cerca de 50 estudantes na faixa de 7 a 10 anos estavam no pátio. Com o som dos tiros, as crianças entraram em pânico e começaram a chorar. “A professora falou para nós abaixarmos, trancou a porta e ficamos com medo porque começaram a bater na porta da sala onde nós estávamos”, diz Heloísa, 9 anos. Ao ouvir o relato da neta e seus colegas, Maria de Lurdes Cardoso, 53, cobrou providências da Prefeitura. “É importante ter guarda na escola.”

No mês passado, a administração municipal rompeu contrato com a Officio, empresa que fornecia seguranças para 90 escolas e 27 postos de saúde. Desde então, uma unidade de saúde e três outras escolas – todas no último fim de semana – foram assaltadas. “As crianças ficaram desesperadas, estavam expostas ao perigo. Deveria ter guardas municipais para fazer a segurança de nossos filhos”, disse a dona-de-casa Luciana Ribeiro da Silva, 26 anos, quando foi pegar a filha Albiênia, 5, na saída da escola.

Com o fim do convênio, a vigilância nas escolas passou a ser feita pela ronda da Guarda Municipal, que conta com seis viaturas. A Prefeitura, por meio da assessoria de imprensa, avalia que o incidente de quinta-feira foi um tumulto policial isolada, de competência da segurança pública estadual, e que independe da presença ou não de guardas municipais na área. Todas as escolas contam com monitoramento eletrônico, cujo sensor de presença é ligado ao final do expediente para evitar que o alarme seja disparado a qualquer movimento, segundo a Prefeitura. A administração municipal informou ainda que na Emeief Jardim Guarará, o botão antipânico ligado a uma central de informações fio acionado, mas quando a Guarda Municipal chegou, a ocorrência já havia terminado.

No momento da perseguição, o pânico tomou conta também de comerciantes próximos à escola. K.C., 39 anos, disse que de seu estabelecimento conseguiu ver a perseguição. “Saí correndo para outro lado, pois temia que eles pudessem vir na direção da minha loja. Como pode acontecer isso à luz do dia?” Apesar do corre-corre, o bandido fugiu. Segundo a Prefeitura, a pedido da diretoria da Emeief, os policiais fizeram mais uma revista e nada foi encontrado.

Do boletim de ocorrência registrado pelos policiais no 6º DP, nada consta sobre a perseguição dentro da escola. Menciona-se apenas que os ladrões entraram no mato em frente à Emeief. Os policiais negam que tenham atirado durante a perseguição. O motorista da Kombi não informou se os ladrões que o abordaram estavam armados.

Num outro portão da escola, na rua Cocaia, há três marcas de tiros. A direção da escola nega que algum disparo durante a perseguição de quinta-feira tenha atingido as dependências do prédio. Mas não soube explicar a origem das marcas. Os vizinhos próximos dessa portaria não ouviram tiros quinta-feira.

Protesto – Sérgio Marçal, diretor de organização de base do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Santo André, afirmou que a entidade iniciou nesta semana uma discussão mais ampla sobre segurança nos prédios municipais. Diante do episódio de quinta-feira, ele defende que as escolas tenham um guarda municipal na portaria. “Se um vigilante estivesse lá, o bandido talvez tivesse tentado escapar por outro lugar, mas não há profissionais suficientes.”

Marçal adiantou que o Sindicato vai apoiar uma manifestação de guardas civis, que deve ocorrer no Paço Municipal na semana que vem. “A segurança patrimonial dos espaços públicos municipais têm de ser feita por eles. A Prefeitura deveria abrir um concurso público para novas contratações. Hoje são 461 guardas, que têm um piso de R$ 809,84. Como estão expostos à situação de risco, vão pedir que a taxa de 20% atuais sobre o salário suba para 40%.”



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