Setecidades Titulo VIVIA JANDO
Carnaval passou. Porém deixou aprendizado.
Rodermil Pizzo
28/02/2024 | 22:16
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Decretado o fim da marginalização do Carnaval brasileiro. O Brasil do Carnaval exportado, cujo ápice sempre foram as vedetes e os seus seios e bundas à mostra, na década de 1990, caiu em desgraça e desuso.

O Carnaval do Brasil agora se divide em duas grandes vertentes: os tradicionais desfiles de escolas de samba, realizados principalmente no eixo Rio de Janeiro-São Paulo, que surgem na avenida com carros alegóricos, fantasias, bateria, porta-bandeira e alas, muitas alas, e, do outro lado, os famosos trios elétricos com seus blocos, sejam eles bloquinhos ou megablocos, que pipocam por todo o Brasil.

Com raízes cravadas em Salvador e Recife, os blocos invadiram o Brasil todo, caíram no gosto popular, inclusive roubando grande parte do público dos carnavais de salão e também dos sambódromos. Os patrocinadores de outrora que o digam.

Nas escolas de samba, sobram poucos espaços para os foliões se divertirem e se jogarem na farra, até porque a pontuação da agremiação depende exclusivamente de ser uma marcha sincrônica em toda a avenida. A espontaneidade e a diversão trocaram de lugar com a ditadura das regras dos desfiles.

Por outro lado, roubando a cena, e crescendo assustadoramente, o Carnaval de rua, dos blocos, dos trios e das famosas pipocas está resgatando a diversão e a democracia da festa mais popular do mundo.

A segurança e a qualidade dos blocos surpreendem ano a ano, e trazem para as ruas novamente os foliões que estavam desiludidos e haviam perdido a confiança de sair para brincar o Carnaval em sua essência maior. Os assédios e as agressões reduziram drasticamente.

São Paulo, por exemplo, perdeu o título de túmulo do samba para se transformar em uma megamegalópole dos blocos e folia, com equipes treinadas, com estrutura de tirar o chapéu, como diz o bordão popular. Os blocos oferecem o que há de melhor ao turista folião. Com música boa, artistas renomados e som de qualidade, os blocos crescem e agradam gregos e troianos. Não se trata de utopia.

Eu acompanhei este Carnaval de todos os ambientes. Estive em cima de um trio, Minhoqueens, que arrastou 250 mil foliões nas famosas vias Ipiranga e São João. Fiquei no chão protegido por cordas, na pipoca (nome dado ao folião que fica entre todos, do lado de fora da corda que circunda o trio. Em suma, “na muvuca”). Acreditem, hoje as pessoas estão mais cientes e conscientes de que a diversão precisa ser respeitada, que ninguém mais está no bloco para ser violentado fisicamente, que não é não e que muitos outros péssimos costumes não estão sendo maios tolerados, tanto pelo organizador quanto pelo próprio folião.

Observei a megaevolução da construção, da organização e do esforço gigantesco feito por empresas e profissionais que tratam o Carnaval com a dignidade e o respeito que merece. O Carnaval, que outrora fora sinônimo de bagunça e anarquia, hoje se comporta como nos primórdios, com festa, diversão e padrão de qualidade exigido para qualquer grande aglomeração.

O Carnaval acabou, mas se prepare que o ano que vem tem mais, e você já pode ir se organizando para levar a família e se divertir muito.

Rodermil Pizzo é doutorando em Comunicação, mestre em Hospitalidade e colunista do Diário, da BandFMBrasil e do Diário Mineiro.




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