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‘Sinhá Moça’ supera original
Flavia Cirino
Da TV Press
09/10/2006 | 21:10
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A novela Sinhá Moça termina esta semana e deixa para trás um estigma comum aos remakes. A história de Benedito Ruy Barbosa foi além da produção original de 1986 e se tornou uma outra novela. Nova roupagem e efeitos deram-lhe aspecto moderno, mesmo retratando uma trama do século XIX. A condução do folhetim, revisto pelas irmãs Edmara e Edilene Barbosa, refletiu nos bons índices de audiência - média de 35 pontos no horário das seis - mantidos desde a estréia. O bom entrosamento do elenco proporcionou algumas mudanças, saindo da versão original. Aliado a essas características está o bom texto de Benedito, sempre focado em fatos de época.

A linguagem cinematográfica foi um dos destaques. A direção abusou de longos planos e luz específica. O uso do base light, um software holandês de tratamento de imagem, deu ares de minissérie e valorizou a fotografia. Para coroar, uma imagem em alta definição, alcançada graças a câmara HD - high definition -, que resulta em imagens mais nítidas. Ao mesmo tempo em que inovou com essa tecnologia, Sinhá Moça recebeu críticas por ter cenas longas demais. Recurso comum no cinema, mas que na TV pode tornar a trama cansativa.

O elenco esteve afinado. Desde os iniciantes, como Ísis Valverde - que não fez feio como Ana do Véu - e a bela Lucy Ramos - que garantiu trabalho na próxima novela das sete - ao veterano Osmar Prado, que deu o seu habitual show de interpretação como o Barão de Araruna. Bruno Gagliasso e Patrícia Pillar estiveram tão bem na história que as autoras mudaram o final de seus personagens. Na versão original, Ricardo e Cândida reprimiam a paixão e não ficavam juntos. Desta vez, terão final feliz, sem se importarem com repressões da época. O público não tem mais tanta restrição a romances entre pessoas com grande diferença de idade, ao contrário da década de 80.

A protagonista, vivida por Debora Falabella, não superou a original, interpretada de forma antológica por Lucélia Santos. Mas teve sua contribuição e imprimiu diversas nuanças. A atriz errou a mão nas cenas em que precisava impor faceta mais “sinhá” e menos “moça”. A parceria com Danton Mello também foi linear, sem grandes surpresas. Além da maioria do elenco já ter atuado numa trama de Benedito, conhecem também a direção de Ricardo Waddington, o que facilita o trabalho.

O figurino de Helena Gastal teve altos e baixos. A estilista acerta nas vestes do núcleo rico da novela, mas peca na roupa dos escravos. À época retratada, as roupas eram marcadas pela ostentação e pelo excesso de adornos. As regras eram rígidas e a moda era um forte indício de classe, posição social e idade. O contraponto era marcado no figurino dos escravos, que usavam branco e tecidos naturais em roupas que tinham a função única de cobrir o corpo, sem permissões para uso de enfeites - restritos aos senhores da casa grande. Na novela, a roupa dos escravos segue a concepção espartana, porém o uso de tecidos demasiadamente elaborados não reflete a extrema pobreza em que viviam. Após sete meses de exibição, o remake de Benedito Ruy Barbosa fica marcado como uma curiosa mistura entre uma trama à moda antiga, sobre amores românticos em tempos repressores, e as mais modernas inovações da tecnologia digital.




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