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Icônico edifício da Casas Bahia tem loja reduzida e universidade

Sede administrativa retornou ao Centro de São Caetano, mas prédio nem de longe lembra a imponente estrutura que emergiu junto com a empresa

Wilson Guardia
21/02/2024 | 19:27
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Nem mesmo a volta da sede administrativa da Casas Bahia fez com que o icônico prédio no Centro de São Caetano ganhasse vida novamente. Desde o ano passado, com o retorno da família Klein ao comando acionário da empresa que foi a maior varejista do País na segunda metade do século passado, os executivos despacham de salas instaladas no quinto andar da Rua Samuel Klein, 83, mas, por fora, o cenário do local retrata a crise que a empresa enfrenta.

A matriz, instalada no Centro da cidade desde 1957, na antiga Rua João Pessoa, que hoje homenageia o fundador da Casas Bahia, está irreconhecível. O imponente prédio azul passou por grandes modificações no último ano, a ampla loja não existe mais e andares inteiros estão para aluguel.

O edifício, que ocupa quase todo o quarteirão, atualmente está repartido. Do lado da estação rodoferroviária, há um mercado de bandeira mexicana e um polo para alunos de uma universidade com cursos a distância. 

No local onde era mantida a grande loja matriz, a entrada principal pela Avenida Conde Francisco Matarazzo, que por muitos anos também foi o ponto de trabalho de um vendedor de sorvetes entre a década de 1980 até meados dos anos 2000, está toda envidraçada e com uma recepção sem qualquer ligação com a rede varejista. Por ali, entram estudantes universitários de áreas relacionadas à saúde. A instituição ocupa dois andares, outros três estão disponíveis para locação.

Toda a sede administrativa chegou a ser transferida para Pinheiros, na Zona Oeste da Capital. Cerca de 4.000 funcionários deixaram São Caetano há três anos, quando a marca estava sob controle da Via. O regresso de Michel Klein, filho de Samuel, ao comando da agora CB faz parte da estratégia de resgate com a história da empresa. Mas, visualmente, essa reconexão não existe. A CB, pela assessoria de imprensa, não quis se manifestar sobre o assunto.

A loja, a única de São Caetano, hoje, ocupa menos da metade do espaço se comparado com anos atrás, quando a marca ainda era referência no mercado. Com o avanço das vendas on-line, aumentando a concorrência, em especial com a comercialização de produtos chineses com valores mais acessíveis e com prejuízos registrados durante os três anos de pandemia de coronavírus, a empresa precisou se reinventar e fazer ajustes no seu quadro de pessoal e também no fechamento de lojas. 

Só no ano passado o grupo anunciou o fechamento de até 100 unidades e a demissão de 6.000 mil funcionários. 

PREJUÍZO

No terceiro trimestre do ano passado (de julho a setembro), em balanço contábil aos acionistas e ao mercado financeiro, a empresa que tem capital aberto e ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, contabilizava prejuízo de R$ 836 milhões, 311% maior em relação a igual período do ano anterior.

Analistas de mercado do banco norte-americano Goldman Sachs avaliaram as medidas tomadas pelo grupo empresarial e as projeções futuras em relatório enviado a clientes e publicado pela revista Veja. “Embora as iniciativas de curto prazo da administração em torno de estoque, número de funcionário, despesas de marketing e redução das lojas devam permitir que a empresa em 2024 com uma configuração mais enxuta e lucrativa, continuamos a acreditar que a capacidade financeira da empresa para investir estrategicamente e defender iniciativas num mercado altamente competitivo permanece limitada”.

BRIGA

Os herdeiros da Casas Bahia, Saul (que não tem relação com o grupo) e Michel, filhos do polonês e fundador da varejista Samuel Klein, há anos travam uma batalha judicial por um empréstimo de R$ 30 milhões e pelo espólio.

Saul, ex-candidato a vice-prefeito em chapa encabeçada por Fabio Palácio em São Caetano na eleição de 2020, solicitou ao irmão o empréstimo, mas teria pago pouco mais da metade do valor. Por existir pendência, o caso segue se arrastando nos tribunais.

Ainda na ficha corrida de Saul, uma condenação de R$ 30 milhões para indenizar mulheres e adolescentes aliciadas por ele em um esquema de exploração sexual. Vestido de sultão, realizava festas em sua casa, em Alphaville, área nobre, entre as cidades de Santana do Parnaíba e Barueri, na Grande São Paulo. Segundo a condenação, lá o magnata cometia os atos.

Saul também tem forte ligação com o futebol. Por décadas foi mecenas da AD (Associação Desportiva) São Caetano e em 2019 comprou a Ferroviária.




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