Política Titulo CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Auricchio acata decisão e restaurante muda
Wilson Guardia
20/02/2024 | 07:00
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FOTO: Reprodução


Os serviços oferecidos no Nosso Prato, restaurante popular idealizado pelo prefeito José Auricchio Júnior (PSDB), iniciaram a semana com mudanças significativas. Ontem, a unidade localizada na esquina da Rua Manoel Coelho com a Avenida Conde Francisco Matarazzo, no Centro de São Caetano, estava com acesso irrestrito. 

Na semana passada, após acolher ação civil pública, a juíza Daniela Anholeto Valbao Pinheiro Lima, da 6ª Vara Civil, determinou, sob pena de multa de R$ 3.000 diários, a liberação das refeições de forma indiscriminada, ou seja, para toda e qualquer pessoa mediante pagamento módico de R$ 0,50 para o café da manhã e R$ 1 para o almoço.

A equipe do Diário esteve ontem no local. Por volta do meio-dia, a fila dobrava o quarteirão. Pelo menos umas 200 pessoas aguardavam para comer. O sol era forte, 28 graus, e nenhuma sombra. Na porta principal, um funcionário de colete laranja organizava a fila e liberava a entrada. De tempos em tempos, uma contagem era realizada, afinal, 450 almoços seriam servidos. Para amenizar o calor, copos descartáveis com água fresca eram distribuídos para todos que aguardavam pacientemente. 

O acesso ao restaurante ocorreu meia hora mais tarde. Logo na entrada, pias, torneiras com água corrente e sabonete líquido. No caixa, apenas a cobrança de R$ 1, mas nenhum questionamento sobre ser ou não morador da cidade. Mais uns dez minutos de fila até chegar o bufê, mas antes um funcionário, com um borrifador, higienizava as mãos dos frequentadores do local com álcool líquido. 

No cardápio arroz, feijão, carne com molho, batata cozida e salada de repolho. Ao lado, em um aparador, temperos, azeite, sal e vinagre. De sobremesa, um pequeno pedaço de doce de leite. Um copo de suco também era servido. As funcionárias do local montavam os pratos, bem servidos por sinal. Todas usavam toucas e luvas.

Mesas, chão e balcões limpos e organizados. O local tem bastante espaço e a temperatura era agradável no ambiente. 

A equipe do Diário pagou para entrar no local, mas decidiu não se alimentar, deixando para os próximos na fila. 

Em nenhum local havia qualquer aviso sobre a decisão liminar. Em um cartaz próximo do bufê a primeira regra: “Apresentar o Cartão São Caetano”, mas em momento algum foi exigido.

O público era variado, em sua grande maioria de idosos. Os mais jovens estranharam a não obrigatoriedade da apresentação do Cartão São Caetano e comentavam entre si. Ainda do lado de dentro, uma funcionária demonstrou empatia e ajudou um senhor de bengala e mobilidade reduzida a carregar sua bandeja até a mesa. Já do lado de fora, com o fim da fila, as portas foram fechadas.

Comerciantes consultados pelo Diário afirmaram que a fila no local começa por volta das 10h e que o comentário era geral sobre o fim da comprovação de moradia na cidade.

A decisão, liminar, ainda pode ser revertida pela Prefeitura. A gestão Auricchio, que custeia todo o serviço, alega que o acesso irrestrito torna o programa insustentável.

A vereadora Bruna Biondi (Psol) esteve na unidade e almoçou. Não fez objeções à refeição servida nem a qualidade do serviço, mas criticou o tempo de espera muito longo para atender a todos. “O Auricchio perdeu mais uma na Justiça e agora ele precisa ampliar o atendimento. O equipamento tem condições de servir muito mais pessoas e reduzir o tempo de espera, para isso, basta colocar mais funcionários”, reclama a parlamentar, que segundo ela, ficou 45 minutos para completar todo o ciclo. Ela e dois assessores pagaram para ter acesso ao local.




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