O início do ano eleitoral começa quente em Ribeirão Pires. Faltando ainda cinco meses para o prazo de realização das convenções partidárias, ocasião em que as siglas definem seus candidatos e bases de apoio, alguns nomes já se anteciparam e deixaram o governo do prefeito Guto Volpi (PL) para apoiar a pré-candidatura de Gabriel Roncon (Cidadania). São os casos, por exemplo, de Roger Soares, que deixou a direção da UBS (Unidade básica de Saúde) do Parque Aliança; de Rogério Paulo Luiz, o Rogério do Açougue, que administrava o Cemitério Municipal; Miguel Luís Filho, o Miguel Lu, que dirigia o Departamento de Proteção à Fauna e Bem-Estar Animal; Thiago Meirelles, o Tim Maia, ex-diretor da UBS do Jardim Valentina, entre outros.

A maioria deles não esconde que migram de lado para tentar uma cadeira no Legislativo e que vislumbram melhores oportunidades com Roncon e nega que tenham sofrido algum tipo de pressão por parte do atual governo. “Decidi sair porque entendo que o governo não está em sintonia com as minhas ideias. Já conversei com o Gabriel e estamos apalavrados. Ele precisa de apoio e eu sou um soldado”, disse Rogério do Açougue, ex-vereador que vai tentar uma vaga novamente na Câmara em outubro.

O mesmo ocorre com Roger Soares. primeiro suplente de vereador na atual legislatura. “Saio para concorrer nas eleições ao Legislativo”, limitou-se a responder.

Miguel Lu, por sua vez, confirma que foi pressionado por Guto Volpi. “Não sou candidato a nada, fiz meu serviço da melhor forma possível, mas escolhi apoiar um candidato a vereador que não está na base do governo e já tinha dado minha palavra de apoio a ele. Mas o prefeito me pressionou informando que eu não poderia estar em um cargo da administração se mantivesse minha posição. Assim, me senti desconfortável e achei melhor me afastar logo”, explica.

Gabriel Roncon celebra os novos apoios e observa que o gesto representa uma perspectiva de vitória de seu projeto. “Agora começa a debandada das pessoas descontentes com esse atual projeto e que acreditam em uma renovação, em novas propostas para Ribeirão Pires”. E complementa: “Tem mais nomes vindo ai, mas não posso anunciar. Deixo cada um fazer o anúncio no seu tempo.”

Na Câmara Municipal, o primeiro a puxar a fila foi o vereador Diogo Manera (PSDB). Ex-líder do governo Guto no Legislativo, o parlamentar deixa a função devido à sua relação estreita com Gabriel Roncon. Outros que estariam deixando a base de sustentação de Guto são os vereador Alessandro Dias (Podemos) e Anderson Benevides (Avante). “Tenho conversado com muitos vereadores. Eles também demonstram descontentamento, reclamam muito da tratativa do prefeito. Falam que ele é arrogante, prepotente, pessoa que não tem diálogo. Acredito que teremos cinco vereadores correndo com a nossa campanha”, fala Roncon, complementando que já está com conversas adiantadas com o Solidariedade, PSB, Progressistas, Avante e União Brasil.

Procurado pelo Diário, o prefeito Guto Volpi disse que vê com naturalidade a saída dos profissionais. “Este é um ano de eleições e veremos movimentações no cenário político da cidade. Independente de posicionamentos, desejamos boa sorte e esperamos por debates propositivos para Ribeirão Pires”, respondeu em nota.

REPETIÇÃO

Caso as expectativas de Gabriel Roncon se confirmem, a situação será muito parecida com o que aconteceu com Clóvis Volpi nas eleições de 2020. Na ocasião, o então candidato ao Paço conseguiu atrair o apoio de seis parlamentares: Amigão D’orto (PSB), Guto Volpi (PL), Paulo César (PL), Paixão (Patriotas), Rogério do Açougue (PSB) e Rubão (PL). A estratégia foi bem sucedida e Clóvis Volpi venceu o então candidato à reeleição Adler Kiko Teixeira (PSDB).