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Chefe da ONU apela contra corte de verbas de agência no centro de escândalo envolvendo Hamas
28/01/2024 | 19:39
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou os Estados Unidos e os países que seguiram a decisão de suspender o financiamento da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) que o corte de verbas ameaça as operações no enclave. A agência foi acusada de envolvimento com o grupo terrorista Hamas e demitiu funcionários pela alegada participação no ataque de 7 de outubro a Israel.

Neste domingo, 28, Guterres repetiu ter ficado "horrorizado" com a denúncia e prometeu que todos os envolvidos serão punidos, ao apelar contra o corte de financiamento. O chefe da ONU disse entender a preocupação dos países, mas pediu que seja garantida, pelo menos, a continuidade das operações em Gaza. Ele destacou que dois milhões de palestinos dependem da ajuda que pode acabar em fevereiro sem os recursos internacionais.

Guterres detalhou que, entre os 12 acusados, nove foram demitidos imediatamente, um havia morrido e os outros dois estão sendo identificados. "Qualquer funcionário envolvido em atos terroristas será responsabilizado, inclusive por meio de processo criminal", prometeu, acrescentando que a investigação está em curso.

O embaixador de Israel para as Nações Unidas, Gilad Erdan, por outro lado, criticou Guterres e defendeu o corte de verbas para agência. "O secretário-geral da ONU provou mais uma vez que a segurança dos cidadãos de Israel não é realmente importante para ele", disse. "Todos os países que continuam financiando a UNRWA antes de uma investigação abrangente devem saber que o seu dinheiro pode ser usado para o terrorismo."

A acusação veio a público na sexta-feira, 26, quando a ONU confirmou a demissão de funcionários supostamente envolvidos com o Hamas. No mesmo dia, Washington, o maior doador da UNRWA, suspendeu o financiamento da agência. A decisão foi seguida no sábado por outros países, incluindo Alemanha, Austrália, Canadá, Itália, Reino Unido, Finlândia e Holanda.

O corte de verbas foi criticado pelo comissário-geral da agência, Philippe Lazzarini. "É chocante ver a suspensão de fundos para a agência em reposta a alegações contra um pequeno grupo de pessoas, especialmente em razão das ações imediatas que a UNRWA adotou ao encerrar os contratos e pedir por uma investigação transparente e independente", escreveu nas redes sociais.

Relação conturbada

A UNRWA é a maior organização na Faixa de Gaza e foi alvo de repetidas acusações por parte de Israel, que questiona a neutralidade das Nações Unidas no conflito árabe-israelense.

A agência foi criada em 1949 para prestar assistência aos palestinos deslocados pelas guerras que se seguiram à criação do Estado de Israel. Do lado árabe, a UNRWA é considerada essencial no fornecimento de serviços básicos para essas pessoas e seus descendentes. Muitos vivem em bairros densamente povoados de Gaza até hoje chamados de campos de refugiados.

A situação foi agravada com a guerra, desencadeada pelo ataque de terroristas do Hamas que matou 1,2 mil pessoas e levou mais 240 como reféns. Diante do conflito, a agência passou a fornecer abrigo em suas instalações para os deslocados internos no enclave, além de alimentos e remédios.

Muitos palestinos defendem o retorno às antigas casas no que hoje é Israel. Tel-Aviv, por sua vez, teme que uma migração como essa acabe com o caráter judaico do Estado. Entre israelenses, há a percepção de que a agência, separada do sistema mais amplo da ONU de apoio a refugiados, é um obstáculo para a resolução do conflito por fomentar o nacionalismo entre os palestinos. "A UNRWA se tornou um mecanismo central para manter um ponto de interrogação permanente sobre a existência de um Estado judeu", disse Einat Wilf, coautora de um livro sobre a UNRWA.

Israel afirma ainda que o currículo das escolas administradas pela UNRWA promove a oposição à existência do Estado de Israel, acusação que a agência nega. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)




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