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Fila de espera por cirurgia eletiva na região chega a 8.575 pacientes

Desse total, 5.859 intervenções são realizadas pela rede estadual de saúde; oftalmologia, urologia e ginecologia são as especialidades com maiores demandas

Thainá Lana
23/01/2024 | 07:00
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Equipamentos estaduais de saúde, como o Hospital Mário Covas, realizam cirurgias de alta complexidade(FOTO: Claudinei Plaza/DGABC, 20/8/19)


No Grande ABC, 8.575 pacientes aguardam na fila de espera para realização de cirurgia eletiva no SUS (Sistema Único de Saúde). Desse total, mais da metade, 66% (5.859), são de procedimentos realizados pela rede estadual de saúde nos hospitais Mário Covas, em Santo André, Serraria, em Diadema e nos AMES (Ambulatório Médico de Especialidades) de Mauá e no município andreense. 

São Bernardo (2.002), Santo André (1.169) e Mauá (1.117) são as cidades com maior número de pessoas aguardando na fila de espera por um procedimento cirúrgico nas unidades do Estado. As principais demandas por cirurgias na região são nas especialidades de oftalmologia, urologia, ginecologia, otorrinolaringologia, cirurgia do aparelho digestivo e plástica mamária feminina não estética.

Em justificativa ao alto volume de cirurgias represadas no Grande ABC, a Secretaria de Estado da Saúde respondeu que as filas de espera para realização dos procedimentos cirúrgicos são descentralizados, ou seja, além do Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviço de Saúde), um paciente também pode estar inserido em outra lista de espera, como a fila regional. 

“A atual gestão tem trabalhado para identificar e unificar as filas. Desde o primeiro dia do novo governo, a pasta vem atuando com a perspectiva da implantação de filas únicas regionais”. Segundo a secretaria, o atual número de pessoas no sistema não reflete necessariamente a realidade. 

Para tentar reduzir o número de pacientes que aguardam por cirurgia eletiva, o Estado informou que realiza constantemente mutirões, que foram iniciados para atender os procedimentos oncológicos, cardiológicos e ortopédicos, e devem contemplar outras especialidades. 

MUNICÍPIOS

Os procedimentos realizados pela rede municipal de saúde contabilizam 2.716 em Diadema e Mauá - Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não efetuam cirurgias eletivas, e São Bernardo e São Caetano não revelaram quantas pessoas estão na fila de espera. Santo André afirmou que conseguiu equacionar os agendamentos dos procedimentos cirúrgicos, e que atende os pacientes em até 60 dias. 

Em Diadema são efetuadas cirurgias de laqueadura, vasectomia, de aparelho visual, entre outras pequenas intervenções. A principal espera pela avaliação cirúrgica é para laqueadura, retomada em setembro do ano passado, após paralisação por conta da pandemia da Covid-19.

“Entre 2021 e 2022, o Centro Cirúrgico do Quarteirão da Saúde ficou fechado para cirurgias durante sete meses por conta do uso do espaço para o atendimento de pacientes com Covid-19. Após a estabilização dos dados epidemiológicos, o espaço passou por revitalização completa. As cirurgias oftalmológicas foram todas retomadas, além de pequenas cirurgias gerais como as dermatológicas, de lipoma e outras. O município está adquirindo novos equipamentos para ampliar a realização de procedimentos cirúrgicos”, ressaltou a administração.

Com 516 pacientes na fila de espera, Mauá disse que a secretaria de Saúde está realizando a requalificação da fila de espera para reavaliação do quadro clínico, tempo de espera e urgência de cada caso. A Prefeitura informou ainda que 2.026 pessoas aguardam por procedimento na rede estadual na cidade, enquanto o governo do Estado informou que são 1.117. 

“Cabe ressaltar que a Secretaria Estadual de Saúde, por intermédio do SIRESP (Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo), tem disponibilizado um número insuficiente de vagas, tornando mais lenta a resolutividade destas filas”, explicou o Paço. 

Como exemplo, a administração mauaense alegou que o Estado disponibiliza, em média, oito vagas para cirurgia de catarata, sendo que o município possui 463 pacientes aguardando pelo procedimento. 

Questionado sobre a baixa oferta de vagas, o governo estadual não respondeu até o fechamento desta edição. 

‘A fila do SUS piorou no pós-pandemia’

O médico especialista em clínica médica e hematologia, Luiz Marcelo Pierro, acredita que a fila de cirurgia do SUS (Sistema Único de Saúde) tenha ‘piorado’ após a pandemia da Covid-19 devido à paralisação das cirurgias eletivas e ocupação dos leitos por pacientes diagnosticados com o coronavírus.

“Associado a esta demanda, a infraestrutura hospitalar também é um obstáculo. Muitas instituições enfrentam limitações de espaço, equipamentos e profissionais, comprometendo a capacidade de realizar as cirurgias”, explica Pierro, que atua no Hospital Municipal Doutor Radamés Nardini, em Mauá.

Além disso, o médico destaca as restrições orçamentárias destinadas à saúde como condições limitadoras para ampliação da capacidade dos municípios de investir em tecnologia médica avançada e expansão das suas instalações. 

O especialista explica que a realização das cirurgias, em muitos casos, é baseada na ordem de urgência da condição do paciente, visando atender quadros mais críticos primeiro. “A Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviço de Saúde), desempenha um papel crucial nesse processo ao avaliar a prioridade dos casos e direcionar recursos conforme a gravidade das condições médicas”, complementa.

Pierro sugere ainda a possibilidade de futuramente criar uma ‘Cross regional’ para o Grande ABC. Na sua avaliação, a medida iria favorecer principalmente as cidades com pouca estrutura de saúde.

Além do investimento em estratégias de expansão de infraestrutura cirúrgica, aumento da capacidade de profissionais de saúde e implementação de sistemas de regulação, o médico também destaca a importância dos municípios e do Estado em promoverem campanhas de conscientização sobre prevenção e detecção precoce de doenças. “Pode contribuir para reduzir a demanda futura por cirurgias emergenciais”. 




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