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Região registra trânsito mais letal em oito anos

Em 2023, 254 motoristas morreram nas vias do Grande ABC, a maior marca desde 2015

Renan Soares
22/01/2024 | 07:00
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Motociclistas são os que mais morrem no trânsito da região (FOTO: Celso Luiz/DGABC)


O ano de 2023 foi letal para motoristas, motociclistas e pedestres da região. O número de mortes no trânsito do Grande ABC durante o período foi o maior em oito anos, segundo o InfoSiga, sistema de monitoramento do governo estadual gerenciado pelo Detran-SP (Departamento de Trânsito de São Paulo). De janeiro a dezembro de 2023, as sete cidades registraram 254 mortes, número menor apenas que o apontado em 2015, primeiro ano da série histórica, quando 270 pessoas morreram no asfalto.

Do total de 254 mortes, 154 ocorreram em vias municipais, cerca de 60%. A maioria das vítimas era homens (211) e tinha entre 18 e 24 anos (52). Em 2023, após registrar os meses de março e junho mais letais da série histórica divulgada desde 2015, a região alcançou mais uma vez a marca negativa em setembro. Com 31 mortes, o nono mês também superou todos os outros de 2023. A madrugada de domingo e a noite de sábado foram os piores momentos para trafegar, com 63 sinistros em cada.

O número de óbitos se concentra principalmente em dois grupos. Os motociclistas, que apareceram constantemente entre as principais vítimas nos balanços mensais, são os principais alvos no trânsito do Grande ABC, com 122 mortes das 254 (48%). Já os pedestres aparecem em segundo lugar, concentrando 29% dos sinistros. No total, 74 pessoas do grupo perderam a vida em 2023.

“Estes números nos trazem tristeza e até surpresa de certa forma. Para a própria OMS (Organização Mundial da Saúde), a mobilidade ativa, como pedestres e ciclistas, têm de ter prioridade em relação aos outros tipos de veículos modais”, afirma Aquilla dos Anjos Couto, médico especialista em medicina do tráfego. Para a diminuição em óbitos, ele cita como exemplo a Faixa Azul, que organiza o espaço viário compartilhado entre os automóveis e as motocicletas, reduzindo conflitos.

Aquilla, que também é coordenador de Integração da Comissão do Médico Jovem e integrante da Comissão de Micromobilidades da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), observa que o projeto-piloto teve bons resultados, mas é preciso tempo para amadurecer a ideia e ter respostas sedimentadas para expandi-lo às esferas municipal, estadual e até mesmo federal. 

Na região, a principal ligação entre a Capital e o Grande ABC, a Avenida dos Estados, pode ganhar em breve uma faixa para motociclistas semelhante à aplicada na cidade de São Paulo. Em dezembro, a Avenida do Estado – a via muda de nome na Capital –, passou a contar com 8,2 km da Faixa Azul. As Prefeituras de Santo André e Mauá afirmaram estudar sua aplicação, mas ainda aguardam liberação de órgãos federais. 

REVISÃO

Para motoristas, o especialista e diretor da rede e oficinas Utacar Experience, Gustavo Agiessi, recomenda a importância da revisão nos veículos para evitar acidentes no trânsito. “Revisar itens básicos é fundamental para garantir o bom funcionamento do veículo e reduzir riscos”, alerta. 

Na manutenção preventiva os motoristas devem estar atentos, principalmente, a alguns itens, óleo e filtros novos, pneus acima do TWI (Índice de Desgaste do Piso/Bandagem, na sigla em inglês) e calibrados, combustível de qualidade, sistema de arrefecimento (água do radiador) em dia, freio ativo e lâmpadas em perfeito funcionamento, além de outras ações.

COLISÃO PODE TER DANOS AMENIZADOS COM USO DE CINTO DE SEGURANÇA

Durante 2023, as colisões foram o maior motivo para mortes no trânsito da região, com 94 casos. O número representa 37% dos 254 óbitos registrados no Grande ABC, segundo o InfoSiga, sistema de monitoramento do governo estadual gerenciado pelo Detran-SP (Departamento de Trânsito de São Paulo). Um dos aspectos cruciais para a preservação de vidas nas estradas é o uso do cinto de segurança, obrigatório na maioria dos veículos.

Para José Lauro Carneiro, gerente de tráfego do Grupo Reunidas – empresa de transporte de passageiros –, para além da obrigatoriedade, o fator mais importante é o cuidado com as vidas transportadas. “O uso do cinto de segurança, além de ser obrigatória a sua utilização, se faz primordial para segurança tanto do motorista como dos passageiros”, destaca José Lauro Carneiro. 

Ele cita estudo da NHTSA (National Highway Traffic Safety Administration), especialista em dados relacionados à segurança do trânsito nos Estados Unidos, que revelou que o uso do dispositivo de segurança no banco de trás diminui o risco de morte em até 43%. O uso do item de segurança também reduz pela metade a chance de traumatismo craniano e em 60% as lesões na coluna cervical. 

“O objetivo é manter o passageiro seguro. No caso de uma colisão mais grave ou outro tipo de sinistro, o cinto de segurança evita que o corpo de um ocupante seja arremessado, inclusive para cima de outros ocupantes, ou até para fora do veículo, o que ocorre muito em carros de passeio. É uma forma de preservar a própria vida e de quem viaja com você”, enfatiza o colaborador do Grupo Reunidas.




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