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Grande ABC registra dois casos de hanseníase por mês

Entre 2022 e 2023, foram 49 diagnósticos na região; Janeiro Roxo reforça importância do tratamento fornecido pelo SUS e alerta sobre subnotificação

Beatriz Mirelle
19/01/2024 | 07:00
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DGABC


O Grande ABC registrou, em média, dois casos de hanseníase por mês nos últimos dois anos. A região teve 31 ocorrências em 2022 e 18 em 2023, totalizando 48 diagnósticos. O balanço não considera São Caetano, que não encaminhou os dados, e Rio Grande da Serra, que não teve casos nesses dois anos. São Bernardo divulgou apenas as informações de 2022. 

Neste mês, a campanha do Janeiro Roxo reforça a importância do diagnóstico precoce e tratamento de hanseníase, além de alertar para a subnotificação dessa doença de pele, causada pela bactéria Mycobacterium leprae.

Caracterizada por atingir nervos periféricos e causar lesões neurais, os principais sinais da hanseníase são manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas), alteração da sensibilidade térmica, dolorosa e tátil da pele, áreas com diminuição dos pelos e do suor; sensação de formigamento ou fisgadas, principalmente nas mãos e nos pés; assim como a formação de caroços pelo corpo. 

“É importante estar atento aos sintomas mais comuns da hanseníase que podem ser confundidos, no estágio inicial, com outras doenças dermatológicas. Ao apresentar alguns desses sinais, a pessoa deve procurar a UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima para avaliação”, orienta a coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Diadema, Selina dos Santos. 

Em Diadema, quando a lesão é suspeita, o paciente é encaminhado ao Centro de Especialidades Quarteirão da Saúde Osvaldo Misso para confirmação diagnóstica. Após o laudo, os contatos domiciliares do paciente também são examinados e recebem orientação quanto ao tratamento.

Luana Vieira, dermatologista na KORA Saúde, ressalta que o diagnóstico precoce ajuda a evitar sequelas. “O laudo acontece principalmente pelo exame clínico do paciente, baseado em sinais e sintomas e no histórico epidemiológico (contato com casos de hanseníase e residir em área de alta endemicidade). Em alguns casos podem ser realizadas biópsia de pele ou nervo e teste rápido.”

O tratamento é disponibilizado pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e se chama poliquimioterapia. “O bacilo se propaga por via respiratória, em gotículas de saliva expelidas durante a fala, espirro ou tosse, mas é necessário contato próximo e frequente ou prolongado com doente não tratado. Não ocorre transmissão por objetos ou pele”, diz a dermatologista Luana Vieira. 

O diretor do Departamento de Vigilância à Saúde em Santo André, César Rangel Gusmão, afirma que foi necessário aumentar o trabalho de busca ativa na cidade. “Dados indicam que há grande subnotificação da hanseníase no país e, consequentemente, pessoas infectadas sem tratamento, que correm o risco de transmitir a doença. As pessoas devem ficar atentas. Tem como prevenir, tratar e curar.”

Hoje, a USF (Unidades de Saúde da Família) Jardim Alzira Franco, em Santo André, fará identificação de sintomáticos dermatológicos e hanseníase, na sala de espera da unidade, às 14h. Na segunda, a USF Paranapiacaba fará orientação e busca ativa na igreja Senhor Bom Jesus de Paranapiacaba, às 10h. A Policlínica Parque das Nações fará orientação sobre a doença e tratamento neste dia. As UBSs Cidade São Jorge, Vila Helena, Vila Humaitá e US Centro de Saúde também farão ações de conscientização na próxima semana. 

Haverá capacitação para os profissionais de enfermagem e agentes de saúde de Mauá no dia 26. Ao longo do mês, Diadema e Ribeirão estão promovendo busca ativa nas UBSs.




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