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Se não fosse pelo Eduardo, PSB iria com Paulo Serra, diz França

Ministro e líder nacional do partido elogia governo em Santo André, mas argumenta que campanha do vereador é uma das prioridades da sigla

Raphael Rocha
17/12/2023 | 09:07
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André Henriques/DGABC

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 Ministro da Micro e Pequena Empresa e uma das principais lideranças nacionais do PSB, Márcio França disse que se o partido não tivesse apostado as fichas na candidatura à Prefeitura de Santo André do vereador Eduardo Leite (PSB), a tendência da sigla seria caminhar com o nome que o tucano apresentará ao eleitorado no ano que vem.

Em entrevista exclusiva ao Diário, França classificou a candidatura de Eduardo como “prioridade” e que, depois da pré-candidatura da deputada federal Tabata Amaral (PSB) na Capital, o projeto de Santo André é o mais importante do partido.

“O Paulinho (Paulo Serra) é um prefeito bem-sucedido, bom prefeito, reeleito com grande margem de votos e, naturalmente, ele quer conduzir o processo (de sucessão). É da política. Mas temos de conciliar os interesses nossos. Se a gente não tivesse o nome do padrão do Eduardo Leite, era capaz (de haver a composição). Mas temos aqui e o Eduardo é uma prioridade nacional do PSB”, assegurou o ministro. “Salvo engano, depois da Tabata, é a maior cidade do Sudeste que vamos disputar. Não é pouca coisa. O Eduardo tem uma incumbência que não é simples, e ele sabe disso.”

França não escondeu o otimismo com a candidatura de Eduardo Leite. Citou pesquisas que apontam o vereador andreense como um dos players protagonistas da eleição e até mesmo falou haver espaço para construção de uma frente de esquerda com o PT, com Eduardo encabeçando o projeto, numa reedição invertida da parceria nacional, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

“Acredito que esse diálogo (de composição com forças da esquerda) será feito. Estamos super abertos a qualquer conversa. Os números de hoje indicam um favoritismo do Eduardo, uma candidatura bem robusta. Acho que o PT não terá dificuldade de compor”, pontuou. “Temos de compreender que (o PT) é o maior partido do Brasil, é um Flamengo. Mas eles também sabem que não podem querer tudo sem ter nada de volta.”

Em Santo André, o PT recentemente aprovou o nome da ex-vereadora Bete Siraque como pré-candidata do partido. O petismo foi a casa de Eduardo Leite – por onde ele se elegeu para três mandatos – e também o local onde seu pai, Antônio Leite, era um dos principais quadros políticos. Eduardo Leite saiu da legenda após uma controversa entrevista na qual listava qualidades de Paulo Serra, a quem o PT faz oposição. 

OUTRAS CIDADES

França ponderou que o PSB trabalhará para resgatar o protagonismo que já teve no Grande ABC. O partido comandou a Prefeitura de São Bernardo com William Dib (entre 2003 e 2008), também geriu Diadema com Gilson Menezes (de 1997 a 2000), Mauá com Atila Jacomussi (de 2017 a 2020) e Ribeirão Pires com Adler Kiko Teixeira (de 2017 a 2020).

Ele admitiu que há parceria acertada para apoio às tentativas de reeleição de José de Filippi Júnior (PT) em Diadema e Marcelo Oliveira (PT) em Mauá, que está encaminhada a candidatura de Akira Auriani (PSB) à Prefeitura de Rio Grande da Serra e que tem adiantada a conversa para que Amigão D’Orto (PSB) seja vice de Gabriel Roncon (Cidadania) em Ribeirão Pires.

“No Grande ABC, estamos bem compostos, com uma dúvida pontual aqui ou ali”, sintetizou.

MARCELO LIMA FOI INJUSTIÇADO, AFIRMA MINISTRO

A cassação do mandato de deputado federal do ex-vice-prefeito de São Bernardo Marcelo Lima (PSB) foi “democraticamente injusta”, avaliou o ministro da Micro e Pequena Empresa e dirigente nacional do PSB, Márcio França.

Marcelo teve o mandato cassado no mês passado por infidelidade partidária – ao trocar o Solidariedade, partido pelo qual foi eleito à Câmara Federal, pelo PSB em maio. Por 5 votos a 2, o plenário do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) entendeu que Marcelo infringiu a Lei da Fidelidade Partidária por sair do Solidariedade sem apresentar justa causa.

“O Marcelo teve uma votação brilhante (110.430 votos), não pelo nosso partido, mas ele optou por vir para cá. Não há como negar, do ponto de vista democrático, a injustiça. Ele teve mais de 110 mil votos e sai para dar lugar a alguém com menos votos do que ele (no caso, Paulinho da Força, SD)”, avaliou.

França admitiu que não conseguiu ter uma conversa aprofundada com Marcelo após a cassação – disse ter dialogado com o correligionário, por telefone, após a decisão do TSE e em um evento em Brasília, ambas as ocasiões de forma rápida. Por isso, não sabe qual será o futuro eleitoral de Marcelo Lima.

O nome do ex-deputado federal era tido como favorito para receber a bênção do prefeito Orlando Morando (PSDB) para representar o governo na sucessão, mas a cassação mudou os planos, a despeito de aliados de Marcelo defenderem seu nome, mesmo assim, para encabeçar a chapa governista.

“Ele vinha construindo a candidatura a prefeito. Sabemos que a facada foi forte. Porque uma coisa é você perder por 1.000 votos… Ele ganhou com 110 mil votos e deixou de ser deputado porque simplesmente não quis mais ficar onde estava”, situou o ministro.

França classificou o cenário eleitoral de São Bernardo como “espécie de Faixa de Gaza”. “Você tem um prefeito forte, que foi do nosso partido (os primeiros mandatos de Morando como vereador e deputado foram pelo PSB). O Marcelo é do nosso partido. O Alex (Manente, Cidadania, deputado federal) trabalhou para mim na campanha a governador (de São Paulo, em 2018). E é a terra do presidente Lula. Será preciso alguém com muita sabedoria para arranjar a situação ali.”




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