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Natal e dignidade da mulher
Dom Pedro Cipollini
14/12/2023 | 07:00
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Nos aproximando do Natal. Data significativa para os cristãos e por que não para toda a humanidade? Jesus é figura ímpar na história da humanidade. É o Filho de Deus que veio para nos salvar. Homem e Deus, professa a fé cristã. Se assim não fosse, não só sua memória já teria se apagado, mas também a Igreja que ele fundou já teria desaparecido.

Preparando-se para celebrar o Natal, temos muitas figuras bíblicas que sobressaem: o profeta Isaías, João Batista, Maria, a mãe de Jesus. Fixemo-nos nesta figura de mulher, a mais famosa, querida e comentada. Até mesmo o nome Maria atravessa séculos sem desaparecer, pelo contrário. 

Na Sagrada Escritura, Maria aparece como modelo de seguimento de seu filho Jesus, discípula e missionária. Através de sua fé e acatamento da vontade de Deus, percebemos a máxima realização da existência cristã, como um viver da constante peregrinação para Deus, sem se desviar. No rosto de Maria de Nazaré, encontramos a ternura e o amor de Deus. 

A presença da mulher no mundo das religiões é constante, tanto a nível dos conceitos como no prático. As religiões expressam os valores e funções da mulher na vida. Ela aparece como mãe, símbolo da vida amorosa e da fecundidade, da virgindade e da fidelidade. Em algumas religiões a mulher é sacerdotisa. Contudo, nas religiões históricas o papel da mulher é secundário a nível de direção. Isto acontece no judaísmo, islamismo e no cristianismo. 

Hoje, há a tendência a anular a diferença entre os dois sexos atribuindo unicamente à cultura, sua existência, porém, como afirma o filósofo A. Conte-Sponville: “As mulheres costumam ser menos violentas que os homens, têm mais senso do concreto, da duração, do cotidiano, que elas são mais bem dotadas para o amor e a intimidade, menos propensas à pornografia e o poder, é o que muitas vezes parece verdadeiro...” (cf. in Dic. Filosófico, Ed. M. Fontes, S. Paulo, 2003, p. 405).

No entanto, não podemos negar que é sobre as mulheres, esta metade da humanidade, que vigora de modo persistente uma manipulação ética, manipulando a função da feminina em prol de interesses estranhos à realização da mulher. A mulher é vítima de ideologias negativas, preconceitos, injustiças e exploração. Basta pensar que toda a história das mulheres foi escrita por homens! 

É inegável que isto gerou uma sociedade onde o feminicídio está na pauta das notícias quase diárias. E não só aqui entre nós, mas, por exemplo, na Itália 107 mulheres foram vítimas de homicídio este ano (Folha 3/12/23 p. A18). Reportagem do Diário nos diz que seis a cada dez mulheres não denunciam casos de violência (cf. Setecidades 4/12/2023 p. 1). 

Devido a esta situação vexatória da mulher na sociedade machista em que vivemos, causou reboliço a atitude do papa Francisco, que propõe refletir sobre a “face feminina da Igreja”, ao afirmar em uma entrevista, que “a Igreja é mulher”. O que ele quer dizer é que na sociedade, inclusive na Igreja, deve haver respeito para com as mulheres em uma atitude de igualdade recíproca e integradora.

Celebremos o Natal com Maria, a mãe que Jesus tanto amou e dignificou. É um dever para todos reconhecer e fomentar a necessária participação das mulheres na sociedade, respeitando-as em sua dignidade.

Feliz Natal a todos e todas!




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