A Prainha do Riacho Grande, localizada à beira da Represa Billings, em São Bernardo, tem água imprópria para banho, segundo boletim da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). O órgão classifica semanalmente a qualidade da água em diversos pontos do Estado para fins de balneabilidade. Após análise realizada no dia 28 de novembro, o boletim indica que espaço turístico são-bernardense não é recomendado para banhistas.
Além da Prainha do Riacho Grande, a Cetesb monitora outras três áreas balneáveis no Grande ABC. Em São Bernardo, os pontos do Parque Estoril e próximo ao zoológico municipal, estão próprios para banho, segundo a atualização desta última semana. Em Ribeirão Pires, na Prainha Tahiti, empreendimento particular, a água do espaço não foi classificada por conta da ausência de resultados em razão de restrições de acesso ao local de coleta, conforme apontou o órgão.
A agência estadual alerta para os riscos à saúde para quem tiver contato direto com a água considerada imprópria. De acordo com a companhia, pode existir contaminação de doenças de veiculação hídrica, causadas pela presença de microrganismos patogênicos.
A professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e especialista em recursos hídricos, Marta Marcondes, explica que neste ano foi registrado diversos episódios de grandes concentrações de enterobactérias nesse ponto da Represa Billings, como escherichia, salmonella e shigella.
“Estudo a região do Riacho Grande desde 2015, e assim como em outros anos, foram encontradas diversas bactérias que são causadoras de DDAs (Doenças Diarreicas Agudas). As pessoas que entram em contato direto com essas águas podem ter também dermatites e conjuntivites”, explicou.
Apesar do alto risco de contaminação, a Prainha do Riacho Grande possui apenas uma bandeira vermelha da Cetesb, em estado deteriorado, informando a qualidade da água. Não há placas de conscientização sobre as condições de balneabilidade da represa.
Na tarde desta sexta-feira (1), a equipe de reportagem do Diário esteve no local e constatou diversos banhistas se refrescando na água contaminada da prainha, além de pessoas pilotando motos aquáticas. Pela segunda vez na semana, o casal Carlos Roberto do Nascimento, 40 anos e Jivanete Batista, 40, estiveram no local para aproveitar as férias, e afirmaram que não sabiam que a água da represa era imprópria para banho.
“Moramos em Cubatão, mas estamos sempre por aqui ou na Prainha do Parque Estoril. Nunca soube que não podia entrar na água, até mergulhei na última quarta-feira (29). Deveriam avisar as pessoas sobre isso, é perigoso”, diz Nascimento.
O morador de Cubatão criticou ainda a infraestrutura do local. “A Prefeitura deveria dar uma atenção maior para o espaço. Tem bastante lixo e mau cheiro, é preciso melhorar as condições da área”, relatou.
CAUSAS
Marta Marcondes explica a origem da contaminação da água da Prainha do Riacho Grande. “Se essas águas estão contaminadas, a ponto da Cetesb sinalizar que está imprópria para banho, temos que pensar de onde vem? Essa contaminação está vindo de esgoto sem tratamento, e ao se banhar nesse local, as pessoas estão se colocando em risco. Precisamos tomar muito cuidado, inclusive para permitir o contato direto da população com a água imprópria”, finaliza a especialista.
Sobre ações de conscientização, a Cetesb informou que disponibiliza as condições da água em seu site e também em outros canais de apoio para divulgação dos dados de qualidade. A companhia reforçou ainda que não possui poder legal para impedir o banho nos locais classificados como impróprios.
“Conforme o resultado das análises, as praias são classificadas como próprias ou impróprias, sendo sinalizadas com bandeiras, vermelha ou verde, conforme a classificação, que servem de alerta aos frequentadores”, destacou o órgão.
Questionada sobre o assunto, a Prefeitura de São Bernardo não explicou o porquê do local não possuir nenhuma placa informando sobre as condições da água e nem se promove medidas de fiscalização e conscientização no espaço.