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Pacientes esperam até 8 meses por hemodiálise em S.Bernardo

A situação é recorrente, inclusive, no Hospital Anchieta, referência no tratamento oncológico no município, que conta com três equipamentos para realizar o tratamento e tem demanda de, no mínimo, seis pessoas por dia

Wilson Moço
22/11/2023 | 07:00
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DGABC


Os problemas na rede de saúde pública municipal de São Bernardo voltam à tona com a denúncia de que pacientes que precisam fazer hemodiálise são obrigados a esperar até oito meses para iniciar a realização do procedimento, segundo familiares e funcionários ouvidos pela reportagem do Diário e mensagens encaminhadas ao jornal. A situação é recorrente, inclusive, no Hospital Anchieta, referência no tratamento oncológico no município, que conta com três equipamentos para realizar o tratamento e tem demanda de, no mínimo, seis pessoas por dia – devem ser três sessões por semana, com duração de três a quatro horas.

“Os pacientes do Anchieta estão esperando diálise há quase seis meses”, diz trecho de conversa trocada pelo WhatsApp e encaminhada ao jornal. “Eles (Anchieta) estão liberando alguns para o HC (Hospital de Clínicas), mas a última vaga foi há um mês, para uma senhora que estava esperando há oito meses. Entre todos os internados (seriam 84), só tem dois pacientes que não são de São Bernardo”, continua a troca de mensagens. 

A reportagem do Diário esteve semana passada no Anchieta, que integra o complexo hospitalar da cidade, sob gestão da FUABC (Fundação do ABC), e apurou que a unidade só faz o tratamento de hemodiálise para pacientes que estão internados, mas em situações mais graves é preciso transferir para o HC, para outro equipamento – tem também clínica que atende pelo SUS –, e normalmente a pessoa é obrigada a esperar por vaga, o que pode demorar. 

“Casos mais graves são encaminhados para o HC ou outro hospital, mas tem demorado para surgir vaga. Teve o caso de um senhor que esperou cerca de cinco meses, e só conseguiu vaga após ter recebido alta”, disse profissional do Anchieta que estava nas imediações da unidade. E apontou ainda que o Anchieta tem poucos equipamentos (para diálise) e registra falta de profissionais – médicos, técnicos e auxiliares.

“Um dos problemas é a sobrecarga, pois não temos funcionários suficientes para fazer o trabalho que é necessário para dar um atendimento digno aos pacientes. Às vezes tem um funcionário para cuidar de seis pacientes, e faz curativo, dá alimentação, banho etc. E ainda tem de preencher um relatório sobre o paciente, como horário de banho, a alimentação e medicamentos.”

Acrescentou ainda que a sobrecarga de trabalho e as cobranças das chefias têm resultado em funcionários com depressão e ansiedade. “Não querem nem saber que você não é um robô, mas um ser humano que tem seus limites. O certo é que a saúde de São Bernardo está um caos, e a gente está servindo de palanque político”, comentou, em clara crítica à gestão do prefeito Orlando Morando (PSDB) e do secretário de Saúde de São Bernardo, Geraldo Reple Sobrinho, à frente da Pasta desde 2017. 

Questionadas sobre os problemas enfrentados por pacientes que precisam fazer hemodiálise, tanto a Prefeitura quanto a FUABC não se posicionaram até o fechamento desta edição.




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