Setecidades Titulo Anchieta-Imigrantes
Mesmo ilegal, comércio ambulante segue no SAI

Motoristas mostram insegurança e temem por possível atuação infiltrada de criminosos; vendedores admitem atuação irregular

Renan Soares
17/11/2023 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Proibido pela lei estadual 7.452 de 26 de julho de 1991, o comércio de itens invade as praças de pedágio do SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), gerido pela concessionária Ecovias. Na última semana, o Diário percorreu as rodovias do sistema, e constatou atuação de dezenas de vendedores ambulantes – principalmente por conta do feriado da Proclamação da República – que ofereceriam de alimentos a acessórios de veículos aos motoristas. Os condutores relatam insegurança, já que temem por possível atuação infiltrada de criminosos.

Durante a passagem pelo pedágio, é possível observar a presença de dezenas de ambulantes, tendo até famílias inteiras em serviço que, além de infringir a legislação estadual, ainda colocam a vida em risco, principalmente por conta das motocicletas que passavam no local. Muitos carregam grandes sacos com pipocas, salgadinhos e águas, o que afeta a mobilidade dos mesmos. Segundo o caminhoneiro Luiz Henrique da Silva, 51 anos, os R$ 35,30 cobrados na mesma praça de pedágio onde se concentra os ambulantes não têm explicação. 

“Faltam recursos de segurança, principalmente para nós, que trabalhamos com caminhão, já que alguns se fingem para roubar, isso é uma grande preocupação. Além do preço do pedágio, alto demais”, diz o motorista, relatando medo que os vendedores possam, na verdade, ser criminosos que se aproveitam da receptividade dos motoristas que queiram adquirir algum produto. No local, diversos motoristas fechavam as janelas para evitar contato com os vendedores.

OUTRO LADO

A equipe de reportagem também conversou com os trabalhadores que vendiam livremente próximos às praças de pedágio. A maioria, porém, só aceitava conversar se mantendo no anonimato. Um deles afirma que o trabalho é o seu “ganha-pão” que permite pagar as contas, e que, por isso, segue com a atuação mesmo sabendo de sua ilegalidade. Ele denuncia dizendo que não gostaria de se expor, pois, geralmente, as atividades das forças de segurança aumentam após matérias jornalísticas.

A denúncia é corroborada por outro ambulante, que afirma que os agentes “só aparecem depois das reportagens”, além disso, o trabalhador diz que suas mercadorias costumam ser apreendidas nestes episódios. Thiely Goes, 25, vem do Litoral Sul diariamente e relata sua rotina. “Venho todo dia de São Vicente, seja com Sol, chuva, frio, comboio… Às vezes perdemos mercadoria e até já morreram pessoas aqui, mas é nesse mesmo lugar que tiramos nosso sustento. Entendemos o lado da polícia, porque sabemos que há pessoas que vem apenas para roubar, mas há alguns que são ruins”, explica ela.

Em resposta ao Diário, a Ecovias cita a legislação que proíbe a comercialização de produtos na faixa de domínio, inclusive em praças de pedágio. Porém, a concessionária afirma que não tem “autoridade para retirar os ambulantes, apoia na organização das fiscalizações, as quais são programadas, em parceria com o Policiamento Rodoviário e DER (Departamento de Estradas e Rodagem)”. Além disso, a Ecovias diz trabalha na conscientização dos motoristas. Já a SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado diz que a Polícia Militar Rodoviária atua em ocorrências de comércio ambulante na malha viária, e que o Policiamento Rodoviário, DER e concessionárias mantém reuniões mensais que estabelecem ações de prevenção ao comércio ambulante. 

Quanto às ameaças relatadas pela reportagem, a SSP ressalta a importância do registro do BO, para que as ocorrências sejam devidamente investigadas.




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