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Brasileiros da Faixa de Gaza retornam ao Brasil após conflito

Líder muçulmano Sheikh Jihad Hammadehn diz ainda haver moradores do Grande ABC na zona de guerra; dias na região são de “choro e ansiedade”

Renan Soares
Do Diário do Grande ABC
14/11/2023 | 08:00
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32 repatriados partiram do Egito a caminho do Brasil (FOTO: Itamaraty/gov)


Moradores do Grande ABC tem vivido dias de choro e ansiedade nas últimas semanas, após inicio dos conflitos entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas. Segundo o líder muçulmano Sheikh Jihad Hammadeh, familiares no Brasil demonstram preocupação, já que pessoas da região continuam em locais próximos da zona de guerra, como a Cisjordânia. Apesar da preocupação, um novo grupo de brasileiros retornou ontem ao País, estes diretamente da Faixa de Gaza, após missão de repatriação da FAB (Força Aérea Brasileira). 

O Sheikh Jihad Hammadeh, conselheiro religioso da Anaji (Associação Nacional de Juristas Islâmicos) e líder muçulmano brasileiro, afirmou que existem pessoas do Grande ABC em Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza, mas que não é possível precisar a quantidade. “ Temos pessoas, com familiares por lá, também na Capital. As histórias são inúmeras, porque quando cai uma bomba ela não é seletiva”, afirma Jihad, que atua em São Bernardo. “Não podemos estimar porque a comunidade islâmica é eclética, além disso, temos palestinos que são cristãos”.

O conselheiro relata que os familiares que estão no Brasil vivem uma rotina de “choro o dia todo e não dormem”, com orações e ajuda humanitária para o Oriente Médio, além de tentativas constantes de contato com quem vive por lá. “Infelizmente é um caos. Não represento nenhuma entidade palestina, sou líder religioso, porém, essa é uma questão humanitária, já que são inocentes, sejam eles civis, crianças, mulheres, idosos, que estão sendo destruídos. A religião nos ordena a se movimentar e defender a justiça e os inocentes”. 

Ao Diário o presidente da Fepal (Federação Árabe Palestina do Brasil), Ualid Rabah, estimou entre cerca de 6.000 o número de brasileiros vivendo na Cisjordânia, e mais 50 na Faixa de Gaza, porém, não é possível dizer qual a naturalidade exata, sendo a maioria “do Sudeste e Sul do Brasil”. O valor já contempla os 32 repatriados ontem, que chegaram ao Brasil por volta das 23h30, na Base Aérea de Brasília. Até agora foram 1.477 passageiros transportados, sendo 1.462 brasileiros, 11 palestinos, três bolivianos e uma jordaniana, além de 53 animais domésticos.

RETORNO

Para a chegada ao Brasil do voo com os repatriados de Gaza, o governo federal já tem uma operação de acolhimento montada. Em complemento ao apoio de suas famílias, eles terão à disposição serviços de abrigo, documentação e alimentação, além de psicológico, cuidados médicos e imunização. Os destinos são Brasília (DF), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), e Interior de São Paulo.

“Alguns brasileiros já têm destino certo porque têm familiares aqui, então serão deslocados para esses locais. Uma parcela significativa, quase a metade do grupo, não tem onde ficar, mas o Governo Federal já disponibilizou, através do Ministério do Desenvolvimento Social, um local onde essas pessoas ficarão acolhidas. Vai ser no interior de São Paulo”, afirmou Augusto de Arruda Botelho, secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Em nota, o Ministério da Saúde disse que está empenhado esforços na organização e articulação de ações que envolvem o SUS (Sistema Único de Saúde). “A FNS (Força Nacional do SUS) está sendo mobilizada para oferecer aos repatriados os cuidados em saúde necessários logo no momento de chegada ao Brasil, em Brasília”, diz o comunicado. A oferta no momento da recepção envolve cuidados psicológicos e clínicos, incluindo urgências e emergências que possam surgir. A equipe que acolherá os repatriados será formada por cinco profissionais da saúde: um médico, um enfermeiro e três psicólogos. 

Além disso, será disponibilizada uma ambulância do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), se houver necessidade de atendimento especializado em unidade da rede de saúde. “O Ministério da Saúde também compartilha com Estados e municípios orientações para o melhor acolhimento das pessoas repatriadas e integração destas nas redes locais de saúde”.




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