Política Titulo Caso Semasa
Falava de propina por
telefone, diz Calixto

Segundo o advogado, Aidan discutia liberações no Semasa;
polícia pede a quebra de sigilo telefônico para investigação

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
12/06/2012 | 07:07
Compartilhar notícia


O advogado Calixto Antônio Júnior afirmou que negociava propina por telefone com o prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), para suposta liberação de pagamentos a fornecedores do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) . Ontem, o delegado que preside inquérito para apurar suposta irregularidade na autarquia, Gilmar Bessa, decidiu pedir à Justiça quebra de sigilo telefônico de Calixto para verificar se havia contato entre o advogado, o prefeito e assessores ligados ao petebista.

"Falávamos sobre tudo pelo telefone. O próprio prefeito me ligava, marcando almoço, jantares. Tratávamos também sobre a questão da liberação dos contratos de empreiteiras no Semasa", disse Calixto. "Se ele (o delegado) quebrar o sigilo mesmo, vai pegar tudo, inclusive discussão sobre propina."

A princípio, o único número telefônico investigado será o de Calixto. O objetivo é aferir se havia ligações entre o assessor do Executivo Antônio Feijó (DEM), o ex-secretário de Gabinete e de Desenvolvimento Econômico de Santo André Beto Torrado, Aidan e o advogado - acusado de ser um dos integrantes do suposto esquema de extorsão no Semasa. Em depoimento à Polícia Civil, Feijó e Torrado negaram conhecer Calixto (leia mais ao lado). "Alguém está mentindo no caso e precisamos descobrir quem para avançar a investigação", avaliou o delegado.

A listagem das ligações telefônicas será a partir de outubro do ano passado, quando teria começado a paralisação de licenças ambientais no Semasa. Ontem, à Polícia Civil, Calixto entregou números de celular que, segundo ele, são de Aidan, de Feijó e de secretária do prefeito. "Não podem falar que não me conhecem. Eu entrei no Semasa porque o prefeito me contratou. Inclusive cobrei honorários advocatícios", alegou o advogado.

A solicitação pela quebra de sigilo será protocolada hoje no Fórum de Santo André e, para se concretizar, precisa de aval de juiz. Segundo Gilmar Bessa, a confirmação de contatos via telefone de Calixto, Aidan, Feijó e Torrado vai clarear a investigação. "Até agora, a prova que ele (Calixto) apresentou foi documento atestando que ele trabalhava no Semasa a pedido do prefeito (entregue à polícia no dia 25 de abril; Aidan nega tê-lo indicado para atuar na autarquia)", ressalvou o delegado.

O próximo passo da apuração será ouvir donos de grandes empreiteiras que teriam sido extorquidas no Semasa. Entre as empresas que serão intimadas estão Emparsanco, Peralta e Brookfield.

A Prefeitura informou, por nota, que o advogado do prefeito, Ronaldo Marzagão, responderia às afirmações de Calixto. Contatado pelo Diário, Marzagão não retornou.

 

Torrado afirma ser contratado pelo PTB

 

Ex-secretário de Gabinete e de Desenvolvimento Econômico de Santo André, Beto Torrado disse ontem, em depoimento à Polícia Civil, que presta serviços de assessoria política ao PTB, partido do prefeito Aidan Ravin. Torrado admitiu receber empresários e políticos em seu escritório localizado na Avenida Dom Pedro II, no Centro, mas negou conhecer o advogado Calixto Antônio Júnior.

Torrado prestou depoimento de uma hora ao delegado Gilmar Bessa e não quis dar entrevista. Na oitiva, refutou a versão dada por Calixto de que ele seria emissário do prefeito para acertar pendências financeiras pelo trabalho prestado no Semasa, ao brecar pagamentos e licenças ambientais para suposta cobrança de propina a empreiteiras. Calixto afirmou à Polícia Civil que recebeu parte da dívida de Aidan (R$ 200 mil de um total de R$ 800 mil) no escritório de Torrado e que o local abrigava encontros espúrios feitos por Antônio Feijó (DEM), assessor do chefe do Executivo - o democrata também negou as acusações do advogado.

"Ele (Torrado) afirmou que viu Calixto circunstancialmente apenas uma vez, durante a campanha (de 2008), no primeiro turno. Depois disso, nunca mais teve contato", contou o delegado. "Negou pagamento e participação em qualquer movimentação feita no Semasa."

O homem-forte do início da gestão Aidan, em 2009, confirmou, porém, ter sido contratado pelo PTB para fazer assessoria política. Por isso, teria recebido empresários e autoridades políticas em seu escritório em Santo André e em outro gabinete, em Moema, Zona Sul de São Paulo.

No fim do mês passado, a polícia apreendeu lista de entrada do prédio localizado na região central de Santo André e executou ação de busca e apreensão do sistema interno de monitoramento do local e do computador de Torrado.

O objetivo é apurar a acusação feita por Calixto, que disse que até mesmo Aidan comparecia ao escritório, mas que, como autoridade municipal, tinha acesso direto ao prédio, sem precisar se identificar na portaria. RR




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;