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Enem 2023: o que comer torna candidatos mais ‘inteligentes’ para provas? Nutricionista explica
Lays Bento
05/11/2023 | 09:54
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FOTO: Freepik

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Mesmo não tendo a alimentação ideal durante o cotidiano, no dia de vestibulares e provas, como o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), surpreendentemente boas refeições (ricas em carboidratos e vitaminas), podem dar o gás final no bom desempenho dos testes. E, para além disto: a ansiedade e até a concentração podem ser ‘manipuladas’ com ingredientes básicos, conforme detalha o profissional Pedro van der Meer.

Morador de São Bernardo e também formado pelo Senac da mesma cidade, para Pedro, no último século a evolução não se reteve apenas nos aparelhos tecnológicos que facilitam o dia-a-dia, mas sim consequentemente escalonou rotinas cada vez mais desorganizadas - em relação a quantidade de refeições feitas e respectivos intervalos de tempo: “isto, por si só, não traz bons resultados ao metabolismo e homeostase do corpo humano. Aliás, se quiser ter um panorama real dos grandes perturbadores da alimentação de hoje, principalmente a dos jovens, basta notar a diversidade de produtos que prometem tornar nosso dia mais prático nas gôndolas dos supermercados - mesmo sendo tão pobres em qualidade nutricional, mas ricos em gorduras saturadas, sódio, açúcares e aditivos”.

Na contramão, outro grupo de alimentos pode trazer benefícios por nutrir antes e durante as provas:

Massas ou carboidratos complexos, como o arroz, batata (doce ou inglesa) - responsáveis pela energia vital para que o corpo e, principalmente o cérebro, funcione de forma efetiva. “Desde realizar uma conta matemática a elaborar um texto, nosso cérebro precisa do seu substrato energético”, esclarece.
Frutas. Em especial, a banana, maçã e o abacate, que é rico em triptofano - aminoácido que auxilia na produção de serotonina, ou seja, contribui diretamente com o bem estar e eleva a autoestima - essencial para desafios de múltipla questões ou a construção de argumentos, por exemplo.
Vegetais e verduras, essenciais para nutrir e estimular as sinapses e diversas funções cognitivas. Como exemplo estão os de cor verde escura, que são ricos em Zinco e Magnésio, além do couve-flor e cenoura.
Proteínas, sendo três os destaques: ovos, peixes e fígado bovino. Ricos em vitaminas e minerais, segundo explica, há participação destes elementos em diversos processos neurológicos e físicos do corpo: “eles são essenciais para o bom funcionamento até dos músculos. E o próprio peixe é riquíssimo em ácidos graxos essenciais, como o Ômega 3 (presente em algumas castanhas e frutos do mar), por exemplo. Este elemento é comprovado em diversos estudos como aliado nas funções cognitivas, para melhoria de atenção e memória… mas, de modo geral para efeito significativo, o Ômega 3 vale consumir a longo prazo e junto a uma alimentação equilibrada e estilo de vida saudável (sono e exercício físico)”, destaca Pedro.
Chocolate, café e até energético são apostas imediatas para uma boa prova. “O chocolate pode auxiliar e muito em questões comportamentais (de energia, bem-estar) durante provas como o Enem, devido o alto teor de gorduras. Inclusive, estes três são alimentos que, em quantidades equilibradas, trazem ótimos benefícios, mas em quantidades exageradas, trazem grandes malefícios”, reflete.

Bem longe das bombas calóricas ou culpa após comer, para ilustrar a linha tênue entre excessos e porções adequadas, o nutricionista cita a cafeína e a taurina - a primeira, presente até no chocolate; e a segunda, justamente em bebidas energéticas: “a cafeína aumenta os batimentos cardíacos, deixando o corpo mais “alerta”, para um candidato mais concentrado. Contudo, se consumida em excesso, pode causar azias, desconfortos abdominais e o mais importante para o assunto aqui discutido: corroborar para a disparada da ansiedade. Já a Taurina, quando consumida em quantidades equilibradas, pode trazer benefícios cardiovasculares, auxiliar na vasodilatação e fazer com que mais sangue chegue nos tecidos, levando oxigênio aos órgãos - incluindo o cérebro. É só tomar cuidado com os excessos, afinal, entre os malefícios de uso extremo, estão fortes dores de cabeça que ninguém quer no grande dia”.

DISCIPLINA VERSUS RELÓGIO
Até no senso comum, o bom desempenho na vida acadêmica e nutricional, como um todo, tem a ver com constância. Habilidade esta que, de acordo com Pedro, no corpo, cria reservas de nutrientes, estrategicamente posicionadas para serem gastas quando há um esforço maior do intelecto, por exemplo.

Entretanto, outros são os fatores para candidatos absorverem todas as potencialidades de um dos maiores prazeres da humanidade: comer.

Duas delas são as dúvidas de quantas horas comer antes da prova e qual o tempo hábil para que o corpo absorva ou apresente resultado com os empenhos descritos anteriormente. “Sabemos que o trânsito dos alimentos no sistema gastrointestinal demora um pouco. Assim, creio que uma alimentação equilibrada, sendo iniciada já no dia anterior, trará bons resultados. E no dia da prova, a dica é procurar comer no máximo duas horas antes do exame”, aconselha, para evitar o desconforto físico da digestão de eventuais refeições pesadas e sonolência.

A recomendação ainda é evitar alimentos com propriedades relaxantes e que diminuam a disposição ou os que possam provocar flatulências e desconfortos abdominais, como as leguminosas (feijões, grão de bico etc) quando não deixadas de remolho.

“Para ajudar a controlar a ansiedade, reduzindo os batimentos cardíacos e trazendo uma sensação de tranquilidade, podemos pensar em infusões. Mas os sachês de camomila, por exemplo, só no dia anterior à prova”, brinca.




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