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Osso duro de roer
Thiago Mariano
Enviado a Paulínia
07/10/2010 | 07:06
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Qualquer semelhança entre o lançamento de Tropa de Elite 2 e a segunda parte do período eleitoral é mera coincidência, segundo José Padilha, diretor do longa que estreará amanhã nos cinemas.

"O filme não foi feito para fazer diferença no segundo turno. Até porque, acabando as eleições, a história continuará falando a verdade", conta Padilha, que ficaria feliz se o longa servisse para que os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) discutissem segurança pública.

Menos aguerrida do que o primeiro filme, a sequência foca o centro do poder oficial como principal causador de violência, corrupção e guerra do tráfico. Deputados e governadores virão como vilões.

Em pré-estreia especial ontem, em Paulínia, no interior do Estado, a discussão foi centralizada em segurança pública e nos burburinhos que estão por vir com o filme.

Ao Capitão Nascimento (Wagner Moura) sobrou papel de coadjuvante. "O primeiro filme gerou debate que me deixou satisfeito. É muito bom unir entretenimento ao pensamento", contou o ator.

Como personagem, Capitão Nascimento ganha faceta mais complexa. "No primeiro filme, o personagem repercutiu pela interpretação do Wagner e o processo de montagem", diz o roteirista, Bráulio Mantovani.

Para Padilha, Nascimento ganha contorno universal: "Sua tragédia tem outra origem neste filme, vai além da guerra que ele vivia. No embate ideológico, no confronto com o sistema, ele representa muito mais gente, como o cara que fica anos na fila do INSS para conseguir seus direitos".

A produção, segundo Padilha, se apoia em mais eixos de debate, além da falha no sistema de segurança. Entre eles, a relação pai e filho e a brincadeira entre política de direita e esquerda.

Padilha ainda diz que durante muito tempo as teses dos dois partidos se calcaram na luta contra a violência: "A esquerda acredita que a violência é fruto da miséria. Tem fundo de verdade, mas há cidades muito mais miseráveis do que o Rio de Janeiro, que são muito menos violentas, por exemplo Lima e Nova Délhi". O pensamento de direita, segundo o diretor, seria repressor. "Que bandido bom é bandido morto".

SEGURANÇA
Para evitar a pirataria que acometeu o primeiro filme - que começou a ser distribuído por camelôs antes de chegar ao cinema -, o esquema para finalização e distribuição deste garante punir e identificar rapidamente ações piratas. "O que aconteceu no outro filme foi um crime, que resulta em sonegação fiscal, desrespeito aos direitos trabalhistas e corrupção de autoridade", diz Padilha.

"Foi revoltante ouvir dizer que a gente tinha vazado o filme para conseguir repercussão ou para democratizar o acesso ao audiovisual. A ocorrência foi fruto de roubo", completou Moura.

O filme, que será exibido em 636 salas do País, só será distribuído em película. Nas salas de montagem, o acesso foi restrito, com senhas nos computadores e sem acesso à internet. Em cada filme há um código secreto de identificação, para que quem vaze seja descoberto. "Copiar, só roubando a película e tendo o trabalho de escanear. Ou reproduzindo dos cinemas em gravação ruim", garante o diretor.




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