Memória Titulo Memória do Grande ABC
A primeira discriminação. Os quebra santos. Estudar, trabalhar...

Nesta crônica, Claudio Barberini Camargo enfoca questões comuns às crianças e jovens que viveram os chamados anos dourados numa cidade industrial como Santo André

Ademir Medici
02/11/2023 | 06:00
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Filhos de operários
Por Claudio Barberini Camargo

Na infância descobri o que era discriminação. Na hora da aula religiosa eu e algumas poucas crianças íamos para o pátio e ficávamos sozinhos pelo fato de sermos evangélicos. Recebíamos muitas provocações e gozações.
- Olhem os quebra santos.
Não entendia o porquê. Não fizemos nada de errado. Éramos cristãos como eles. Só melhorou quando uma voluntária passou a nos reunir no pátio para contar histórias religiosas. Nos sentimos mais integrados.
Concluído o curso primário, muitos colegas abandonavam a escola. Para fazer o ginásio ou equivalente era preciso estudar no centro de Santo André. Havia duas escolas públicas, o Colégio Américo Brasiliense e a Escola Profissional Júlio de Mesquita.
Outra opção eram as escolas particulares, portanto pagas. Foi o meu caso. Para tal, era preciso arranjar um emprego aos 11, 12 anos, para pagar a escola, já que a maioria dos pais não tinham condições de arcar com as mensalidades.
Trabalhar cedo era a solução, pois todos eram filhos de operários. Na nossa geração nos tornávamos adultos e responsáveis muito cedo. Continua...

PINGUINS DE GELADEIRA
Na entrevista concedida ao DGABC-TV, Claudio Barberini Camargo cita o fechamento da Tecelagem Ipiranguinha, fundada no final do século XIX e que foi a primeira indústria da Estação São Bernardo, hoje Santo André.

  • Meu pai - Hermógenes Vieira Camargo – trabalhou na Ipiranguinha até o último dia dela. Veio a falência. Entramos numa crise violenta.
  • Lembro que meu pai ia à Cerâmica São Caetano buscar pinguins de geladeiras (de cerâmica ou porcelana) para vender de casa em casa.

NOTA DA MEMÓRIA – Os pinguins de geladeira da Cerâmica São Caetano. Quem guardou um exemplar?

NO AR

A entrevista completa de Claudio Barberini Camargo está no site do Diário (www.dgabc.com.br), no “face” da “Memória” (endereço no cabeçalho da página) e no Youtube.

O FIM. Notícia da capa do Diário no domingo, 9 de novembro de 1969: registro histórico do fim da mais antiga fábrica de Santo André

DIARIO HÁ 30 ANOS
Terça-feira, 2 de novembro de 1993 – ano 36, edição 8533

MANCHETE – CPI do Congresso quebra sigilo de parentes e empresas.

FINADOS – Profissional vive a morte diariamente.
O repórter-fotográfico Eder Luiz Medeiros fotografava Odail Albuquerque num caixão de defunto. Odail era o encarregado do Serviço Funerário de Santo André e fã de Zé do Caixão. Ele relatou à repórter Melina Dias histórias de mortos vividas no setor em meio século de trabalho.

MEMÓRIA – A coluna publicava lembranças de missas de sétimo dia da coleção de Laerte de Souza Junior: subsídios para a história.

DIADEMA – Prefeitura noticiava a criação do Centro de Memória, a ser inaugurado naquele mês no Centro Juvenil de Cultura, à Rua Marcos de Azevedo, na Vila Nogueira.
A historiadora Mary Ferreira seria uma das coordenadoras.

NOTA DA MEMÓRIA – Trinta anos depois, o Centro de Memória de Diadema é uma doce realidade. Passou por momentos difíceis. Foi vítima de um incêndio com características criminosas. Sobreviveu a tudo e deveria celebrar, com festa, esta data querida. Por que não no dezembro que se aproxima, em mais um aniversário oficial da cidade?

CULTURA & LAZER – Madonna chegava a São Paulo e fãs tentavam invadir o hotel.
A cantora desembarcou em Cumbica sem ligar para os fãs que se acotovelavam para vê-la.

FUTEBOL – Domingo, no Estádio Espanha, em Santos, Jabaquara 4, EC São Bernardo 3, pelo quadrangular final da Segunda Divisão.


Finados, 2 de novembro: 
“A vontade do Pai é que todo aquele que vê o Filho e acredita nele tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”.
Jo 6,40, citado pela Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, Vozes, 2023.




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