Talvez você nem tenha se dado conta, mas cada ocasião pede um calçado diferente. O tênis para ir a escola, a chuteira para o futebol, a sapatilha para o balé e o chinelo para as horas de lazer. Os sapatos fazem parte da vestimenta dos seres humanos desde o ano 5.000 antes de Cristo. Eram sandálias de couro usadas apenas pelos nobres. E para cuidar dos sapatos, surgiram os sapateiros, profissionais que resistem ao tempo, ao desenvolvimento da indústria e que até os dias atuais usam seu talento para consertar ou mesmo fazer sapatos.

O personagem desta reportagem é Edson Ferreira Campos, que seguiu os passos do pai e, desde 2002, faz sapatos de palhaço. Aqueles grandes, coloridos e que se juntam aos rostos pintados, fantasias e chapéus, para ajudar os artistas a arrancarem risos de adultos e, principalmente, das crianças.

Tudo começou em 1973, quando José, o pai de Edson, comprou a sapataria em que trabalhava no Jardim Bom Pastor, em Santo André. como o bairro sempre teve vocação circense – até hoje tem uma escola de circo –, não demorou para que aparece a primeira encomenda de um sapato de palhaço. Seu José aceitou. Desenvolveu a fôrma necessária para a construção do calçado e, desde então, não parou mais.

Ao longo do tempo foi construindo uma clientela diferenciada, com nomes como Atchim e Espirro, Bozo, Vovó Mafalda e Patati Patatá, dentre outros.

Em 2002, quando o pai faleceu, Edson largou a faculdade de engenharia e começou a tocar o negócio.

Criações suas ajudam animar crianças e adultos em atividades circenses e até mesmo no cinema e teatro. O ator Selton Mello usou um sapato feito por ele no filme O Palhaço, que estreou em 2011. Claudia Raia, também usou um calçado feito por Edson em Chaplin, o Musical. Um sapato de palhaço leva cerca de dois dias para ficar pronto. Tudo depende do estilo e dos materiais usados na criação. Uma particularidade do serviço, é que em outubro, por conta do Dia das Crianças, é o mês do ano em que Edson mais trabalha por conta das festas infantis. 

HISTÓRIA

O Dia do Sapateiro (25 de outubro) começou a ser comemorado no ano 280, na França. Dois irmãos – Crispim e Crispiano – passavam o dia pregando a palavra de Deus e a noite fazendo sapatos para sobreviver até serem degolados por ordem do imperador Diocleciano. São Crispim e São Crispiano são os dois padroeiros dos sapateiros.