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Artista da região usa técnica de infância para produzir obras

De Ribeirão Pires, Themistocles Rosa, 71 anos, conhecido como Tuta, faz estátuas em diferentes formatos por meio de soldagem

Renan Soares
14/10/2023 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Nem mesmo Themistocles Rosa, 71 anos, conhecido popularmente como Tuta, sabia que suas criações em um pequeno galpão no Centro Alto, em Ribeirão Pires, poderiam ser consideradas arte. Usando uma habilidade que desenvolveu quando tinha apenas 14 anos, o aposentado une elo por elo de peças de ferro para construir obras em diferentes formatos, por meio de soldagem. Foi após um encontro com a prima, em que ela apontou diversas percepções para uma de suas obras, que Tuta, enfim, passou a se denominar um artista.

Tuta é aposentado faz 26 anos, após dedicar quase metade da vida à indústria química. Sem saber o que fazer após deixar o serviço, o artista revisitou uma de suas principais habilidades de quando era mais jovem: soldar. Tuta conta que, para passar o tempo após a aposentadoria e sem o maquinário necessário, ele começou a soldar itens “mais simples”, como portões e móveis, para conhecidos. Com a pandemia, os trabalhos se intensificaram, já que passava grande parte de seu dia em um pequeno espaço no Centro Alto de Ribeirão Pires.

“Nesses dois anos não saia de dentro de casa, ficava preso, e comecei a enxergar outras coisas. Vi que tinha algumas correntes guardadas, e comecei soldá-las”, relembra Tuta, ao dizer que as primeiras obras tentavam expressar formas de pessoas, e não deram certo. “Depois de um tempo decidi fazer o corpo inteiro, com molde, o que acabou sendo a minha primeira peça”, conta o artista, mostrando a obra, que tem interligadas centenas de elos.

Neste pequeno espaço, o artista caminha e mostra diversas obras que saíram naquele mesmo local, em que ele molda a obra soldando peça por peça de metal, como um violão, moldes de corpos e cabeças, e representações de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Tuta afirma que, mesmo com tantas obras, não se considerava artista, e relembra um diálogo com uma prima que mudou sua percepção quanto as suas criações.

“Mostrei a obra feita com correntes e um molde de corpo feminino para uma prima, e ela falou que eu era um artista, mas eu disse que isso não tinha nada a ver comigo, foi então que ela me contou sua visão do que fiz: ‘por que correntes? Por que mulher? Até hoje as mulheres são aprisionadas, e na sua obra elas estão se libertando’. Ela viu outro sentido para a obra”, relembra o ribeirão-pirense, que viu que suas criações podem ter diferentes interpretações. 

O artista agora foca em entrar de fato no mercado das artes, passando dos atuais moldes para figuras pedidas por clientes. 




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