O advogado Paulo Lamarão vai entregar nesta segunda-feira, na Polícia Federal, documentos que, segundo ele, “desmascaram” o presidente do Congresso, senador Jáder Barbalho (PMDB-PA), no caso da desapropriação fraudulenta da Fazenda Paraíso e do Polígono dos Castanhais, no Pará. O senador tem negado a participação na desapropriação da Paraíso e diz que o processo apenas começou durante sua gestão no Ministério da Reforma Agrária.

Lamarão afirma, porém, que pode provar o contrário. “Vou abrir a boca e contar tudo o que sei.” Um dos documentos que ele entregará ao delegado Luiz Fernando Ayres Machado é uma cópia do decreto 96.085/88, publicado no Diário Oficial da União de 1º de setembro de 1988. Assinado pelo então ministro da Reforma Agrária, Jáder Barbalho, o decreto libera para o empresário Vicente Pedrosa 55.221 TDAs (Títulos da Dívida Agrária) pela desapropriação da Paraíso.

Antes de Jáder baixar esse decreto, o secretário de Recursos Fundiários do Ministério da Reforma Agrária, Antônio César Brasil, em 9 de julho de 1988, por intermédio do telex 1.820, pediu ao delegado regional do Mirag em Belém, Ronaldo Barata, a remessa do processo 1.095/86, referente à desapropriação da Fazenda Paraíso, para ser despachado em Brasília.

Quem levou o processo foi o ex-superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Henrique Santiago, que já morreu. Para Lamarão, Jáder quebrou o decoro parlamentar e pode ter o mandato cassado. Desafeto do senador há 18 anos, Lamarão move 12 ações no Tribunal de Justiça do Pará contra Jáder.

Jáder não foi localizado em Belém para responder às acusações do advogado. O jornal Diário do Pará, de propriedade do senador, voltou a publicar domingo uma reportagem acusando Lamarão de ser traficante de cocaína e associando-o ao traficante Fernandinho Beira-Mar.