Editorial Titulo
Dois pesos e duas medidas
Da Redação
20/09/2023 | 07:00
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Alertada, pelo menos, desde 2018 de que os galhos de uma falsa seringueira ameaçavam cair e machucar os estudantes que brincavam no parquinho da Emeb Lauro Gomes, no bairro Rudge Ramos, a administração do prefeito Orlando Morando (PSDB) utilizou como justificativa para não fazer o trabalho que o espaço era protegido pelo patrimônio histórico e, por isso, não poderia passar por intervenções bruscas. Reportagem publicada nesta edição do Diário, todavia, derruba o argumento do governo. Sabe-se agora que espécies vegetais similares foram extirpadas do Largo São João Batista, espaço que é tutelado pelo mesmo decreto da escola infantil vizinha. Dois pesos e duas medidas.

A revelação feita pelo jornal reforça a fragilidade do discurso oficial. Mas nem seria preciso, já que a argumentação de outrora não impediu que as árvores da escola Lauro Gomes fossem completamente devastadas nos dias que se seguiram ao 11 de setembro, quando o galho de uma delas quebrou e atingiu a aluna Isadora Custódio, 5 anos, matando-a. Ao que se sabe, não houve nenhuma alteração na lista de patrimônios tombados na cidade pelo Compahc-SBC (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de São Bernardo). É de se perguntar por que as amarras de outrora foram desprezadas do dia para a noite? As evidências, que não param de surgir, estão destruindo a narrativa do Paço.

É evidente que o governo Morando adotou modos diferentes para tratar questões similares, o que aumenta ainda mais as suspeitas de negligência na ocorrência da queda do galho que matou a pequena Isadora Custódio no parquinho da Emeb. A Polícia Civil, que instaurou inquérito, precisa esclarecer por que, no caso da escola municipal, a administração são-bernardense ignorou os inúmeros apelos para remover ou podar a árvore que viria a pôr fim à vida de uma estudante de 5 anos na manhã de 11 de setembro, alegando que as espécies eram protegidas por tombamento, ao mesmo tempo em que, no largo contíguo, o mesmo decreto não impediu o corte das árvores. A sociedade quer saber.




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