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São Caetano interdita bicas públicas e gera insatisfação

Fechamento é justificado por “adequações à legislação” de 2021; enquanto isso, moradores ficam sem água em pontos públicos

Beatriz Mirelle
19/09/2023 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


As bicas de São Caetano estão fechadas por prazo indeterminado, de acordo com a SAESA (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental) da cidade. Os pontos tradicionais do município seguirão sem funcionar até que haja as adequações à legislação vigente do Ministério da Saúde, de 2021, que dispõe acerca dos parâmetros legais de fornecimento de água potável. Enquanto o SAESA não resolve esse problema, moradores da região ficam sem a disponibilização de água em pontos públicos estratégicos.

Durante as últimas semanas, as constantes mudanças de temperatura têm assustado a população. Até a próxima sexta-feira (22), a previsão é que os termômetros fiquem na casa dos 34ºC. Nesse contexto, ter água disponível em bicas pode ajudar as pessoas. 

A dona de casa Miriam Bissolotti, 74, que mora no Bairro Mauá, em São Caetano, há 50 anos, ressalta a importância das bicas em vias públicas. “Muitas pessoas deixavam de comprar águas em garrafas plásticas para pegar nas bicas. A qualidade era boa e sempre vi muitos pedestres parando para se refrescar, principalmente quando faziam caminhada”, ressalta. 

O vendedor André Lima, 52, é outro que se queixa da falta das bicas, que ele utilizava durante as práticas esportivas. “Eu usava quase todo dia porque pratico esporte. Era interessante ter um lugar de fácil acesso com água disponível. Faço corrida de 10 quilômetros e também ando de bicicleta. Então, ajudava bastante. Agora, sem as bicas, tenho que sair de casa com uma garrafinha ou ir comprando pelo caminho”, lamenta o morador que utilizava a Bica da Paz, próxima ao Parque Botânico Escola de Ecologia Jânio Quadros. Nesse ponto, as últimas vistorias foram feitas em abril e, durante o período sem funcionamento, nem mesmo as torneiras foram preservadas no local.

As bicas de São Caetano estão localizadas nos bairros Olímpico, Fundação, Santa Maria, Nova Gerty, Vila São José, Mauá, Santo Antônio e Boa Vista. De acordo com a SAESA, são oito poços artesianos e 11 bicas públicas.

A família do jornalista Rodrigo Monteiro, 26, tinha o costume de encher garrafas para o consumo doméstico com a água das bicas. “A qualidade era muito boa, até melhor que do filtro de casa. Nos últimos anos, paramos de usar, mas sabemos da importância.”

Na Bica Capivari, em frente à EME (Escola Municipal de Ensino) Professora Alcina Dantas Feijão, na Rua Capivari, número 500, a SAESA colou um papel que informa “fechado para manutenção e análise da água previsto em lei”. A notificação refere-se à Portaria número 888, de 2021, do Ministério da Saúde, que dispõe sobre “procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade”.

Sobre o comunicado, um munícipe protestou. “Que incompetência da SAESA. Seis meses para resolver”, escreveu a próprio punho. 

Em carta ao Diário, o morador de São Caetano, Pedro Agnaldo De Toni, afirma que o abandono às bicas é uma questão antiga da cidade. Para ter respostas sobre o fechamento, ele já tentou abrir um chamado no site da SAESA. “O sistema dispõe de um canal de comunicação muito bonito chamado ‘Fala SAESA!’. No entanto, não funciona. Várias tentativas de comunicação com o órgão municipal foram feitas ao longo do dia sem sucesso.” 

Além disso, De Toni pede para que a gestão tenha mais agilidade para solucionar o problema. “Afinal, a portaria que dispõe acerca dos parâmetros legais de fornecimento de água potável é do ano de 2021 e já estamos em setembro de 2023.”




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