Fátima, paulistana que mora em Santo André, conta que seu personagem viajou pela Amazônia a fim de registrar o Mar de Chacororé, conforme arquivos abrigados no Instituto Iconográfico do Grão-Pará.
Ela explica a história em um texto e exibe um retrato de Van Velthem e fotografias de material recolhido pelo pesquisador. É o caso da imagem de um fragmento de cerâmica e, também, de uma foto do coração dele petrificado.
Complementa a mostra o vídeo Águas Encantadas do Pantanal, de Danielle Bertolini, no qual os moradores das proximidades da Baía de Chacororé, situada no Mato Grosso, relatam histórias que compõem o imaginário coletivo local.
“Entre outras coisas, eles dizem que uma forte luz sai do fundo da baía, vai para o céu e o reflexo volta para a água. Falam que a tal luz vem de um grande diamante”, afirma a fotógrafa.
Além de existir na imaginação de Fátima, a história do Mar de Chacororé, Van Velthem e do Instituto toma forma também, graças à exposição, na cabeça de quem aprecia e se deixa envolver pelo trabalho.
“Me apropriei do termo Chacororé, uma baía que existe de fato no Mato Grosso. Para fazer a foto do pesquisador, utilizei uma técnica de ampliação do século XIX e um negativo antigo de um retrato de um português. Já as imagens do material recolhido por Van Velthem são fotografias de pedras, de uma concha e de uma semente”, diz.
Assim, a foto identificada como de um fragmento de cerâmica, na verdade é de uma concha e a imagem do coração petrificado do pesquisador é a fotografia de uma pedra. Fátima criou então uma obra marcada pelo ilusionismo: quem vê as fotografias chega a crer que elas são mesmo do que está descrito nas legendas. O documentário em vídeo só colabora para que os visitantes embarquem no roteiro proposto.
Interessante também é que Fátima não desmente na mostra nada do que conta: “Meu trabalho é fotográfico. Não é científico”. Além dela, participam do evento organizado pelo Núcleo da Fotografia da Casa do Olhar outros nove profissionais.
Encontro – Quinta-feira, às 19h, no mesmo local, haverá uma reunião entre os integrantes do Núcleo de Fotografia e as fotógrafas Cláudia Leão e Angela Di Sessa. Elas falarão sobre os trabalhos que desenvolvem no evento aberto ao público.
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