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Mostra 'Encontros e Pretextos' é atração em Sto.André
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
24/09/2003 | 18:50
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Encontros e Pretextos, mostra coletiva de fotografia que pode ser visitada até o próximo sábado, com entrada franca, no Salão de Exposição do Paço Municipal de Santo André, inclui um curioso trabalho da fotógrafa Fátima Roque. Por meio de uma narrativa ficcional que mistura texto e imagens, ela trata de Frederich van Velthem, holandês que chegou ao Brasil em 1860 como integrante de uma expedição científica européia.

Fátima, paulistana que mora em Santo André, conta que seu personagem viajou pela Amazônia a fim de registrar o Mar de Chacororé, conforme arquivos abrigados no Instituto Iconográfico do Grão-Pará.

Ela explica a história em um texto e exibe um retrato de Van Velthem e fotografias de material recolhido pelo pesquisador. É o caso da imagem de um fragmento de cerâmica e, também, de uma foto do coração dele petrificado.

Complementa a mostra o vídeo Águas Encantadas do Pantanal, de Danielle Bertolini, no qual os moradores das proximidades da Baía de Chacororé, situada no Mato Grosso, relatam histórias que compõem o imaginário coletivo local.

“Entre outras coisas, eles dizem que uma forte luz sai do fundo da baía, vai para o céu e o reflexo volta para a água. Falam que a tal luz vem de um grande diamante”, afirma a fotógrafa.

Além de existir na imaginação de Fátima, a história do Mar de Chacororé, Van Velthem e do Instituto toma forma também, graças à exposição, na cabeça de quem aprecia e se deixa envolver pelo trabalho.

“Me apropriei do termo Chacororé, uma baía que existe de fato no Mato Grosso. Para fazer a foto do pesquisador, utilizei uma técnica de ampliação do século XIX e um negativo antigo de um retrato de um português. Já as imagens do material recolhido por Van Velthem são fotografias de pedras, de uma concha e de uma semente”, diz.

Assim, a foto identificada como de um fragmento de cerâmica, na verdade é de uma concha e a imagem do coração petrificado do pesquisador é a fotografia de uma pedra. Fátima criou então uma obra marcada pelo ilusionismo: quem vê as fotografias chega a crer que elas são mesmo do que está descrito nas legendas. O documentário em vídeo só colabora para que os visitantes embarquem no roteiro proposto.

Interessante também é que Fátima não desmente na mostra nada do que conta: “Meu trabalho é fotográfico. Não é científico”. Além dela, participam do evento organizado pelo Núcleo da Fotografia da Casa do Olhar outros nove profissionais.

Encontro – Quinta-feira, às 19h, no mesmo local, haverá uma reunião entre os integrantes do Núcleo de Fotografia e as fotógrafas Cláudia Leão e Angela Di Sessa. Elas falarão sobre os trabalhos que desenvolvem no evento aberto ao público.




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