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Capivaras habitam Avenida dos Estados

Na próxima quinta-feira, é comemorado o dia delas; vereadora pede monitoramento

Lays Bento
Do Diário do Grande ABC
11/09/2023 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Em Santo André, há pelo menos dois anos, as capivaras se tornaram moradoras da Avenida dos Estados, no Rio Tamanduateí, que também cruza as cidades de Mauá e São Caetano. Apesar de elas poderem causar acidentes na via e motivo de medo pelo contágio de doenças, o local onde esses bichos ficam se tornou parada obrigatória para fotos em uma das vias mais movimentadas da região. Na próxima quinta-feira, comemora-se o Dia das Capivaras e a equipe do Diário ouviu pessoas que convivem com esses animais e especialistas sobre o aumento do número de capivaras em Santo André.

“Tem mais de dois anos que vi três delas. Agora, o que a gente mais vê é filhotinho”, comenta o frentista Jorge Moraes que, junto ao colega Abel Reis, afirma ter visto o número se multiplicar, principalmente após o início das obras do Complexo Viário Santa Teresinha – no começo de 2022, para oxigenar o trânsito na avenida. 

“As filhas da minha gerente também adoram vir aqui ver as capivaras. Não sabemos como vão reagir se tentarmos alimentar ou conseguirmos chegar mais perto”, diz Thaynara Freitas, atendente do posto 24 horas localizado próximo ao rio. Apesar do receio, Thaynara Freitas acredita que as capivaras não representam uma ameaça à população. 

José Feitosa, porteiro da Moinho São Jorge, afirma que os últimos seis meses mudaram sua percepção sobre as capivaras depois que, na TV, ouviu pela primeira vez sobre a febre maculosa. “Para mim, elas causam medo nas pessoas por isso. Mas, não sei, os bichos estão na água, não devem ter (o agente infeccioso, transmitido por um carrapato)”, opina em tom de dúvida. 

Sempre às margens dos rios e lagoas, foi pela urbanização que os animais adaptaram seu habitat anos atrás. Hoje, pelo menos, 50 delas ocupam a parte andreense dos 11 quilômetros de extensão da Avenida dos Estados. É o que estima a vereadora Doutora Ana Veterinária (União Brasil). Sem censo animal no município, não há contagem oficial da população de capivaras em Santo André. 

Diante da disseminação (já que a cada cinco meses, cinco novos filhotes são procriados), a vereadora apresentou requerimento público para monitorar e acompanhar por microchipagem, recolhimento de amostras de exames de sangue e eventual retirada de carrapatos dos animais no Rio Tamanduateí. A resposta que recebeu da Secretaria do Meio Ambiente é a de que fariam uma barreira física e orientariam a população local (o que não foi apontado por nenhuma das fontes consultas pelo Diário). 

Questionado, o Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal da Secretaria de Meio Ambiente diz que “recebe com frequência demandas sobre as capivaras, principalmente as que vivem no leito do Rio Tamanduateí. Nesse caso, os animais estão dentro do habitat. Quando as capivaras saem do habitat e invadem as vias públicas, ocorre o perigo de serem atropeladas e causarem acidentes. Por conta disso, a Secretaria de Meio Ambiente monitora os animais para evitar que esse tipo de situação ocorra. Fora isso, as capivaras são inofensivas”.

Segundo a veterinária, o risco de atropelamento continua alto. “Para mim, não é suficiente. Ainda está em tempo de controlar. Elas não são um problema, mas serão se atingirem uma população maior. Não podemos agir depois de o problema estar instaurado”, apontou. 

Mesmo sendo territorialistas, as capivaras são mamíferos tranquilos, com agressividade evocada apenas na presença de múltiplos machos-alfas e quando a fêmea detecta ameaças ao filhote. “Atacam só frente a ameaça. Por isto indicamos que as pessoas não se aproximem, façam carinho ou alimentem de forma inadequada”. Segundo Ana, caso os itens fornecidos não sejam capinaços, frutas e legumes, os animais que se instalaram nos afluentes da avenida (“possivelmente em busca de aumentar o grupo”) podem ter sérios problemas intestinais. 

De acordo com a vereadora, a capivara apenas é uma hospedeira do carrapato-estrela, que causa no ser humano febre alta, dor no corpo, dor de cabeça, falta de apetite e fadiga. Por causa da pelagem ou peso, não é possível identificar a olho nu quais são aquelas que portam a doença. Para a veterinária, o maior perigo agora está na raiva. 




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