Unindo arte e educação, na última semana, alunos de São Bernardo participaram de uma ação de grafite em duas escolas estaduais do município. Os jovens estudantes, de diferentes turmas, pintaram os muros das instituições com desenhos inspirados na biodiversidade brasileira.

As ilustrações foram escolhidas por votação popular. No total, 22 escolas públicas da cidade participaram do concurso. Com 168 desenhos inscritos e mais de 18,7 mil votos, foram selecionadas duas ilustrações dos alunos Evelin Tenório Leal, 15 anos, da E.E (Escola Estadual) Engenheiro Francisco Maia, e Miguel Falbo Paz, 13, da E.E Senador Robert Kennedy.

A ação faz parte do Projeto Cores do Amanhã, da Horizonte Educação e Comunicação, iniciativa presente em dez cidades do País, que utiliza o grafite como meio de expressão para discutir a cidadania. 

Antes das pinturas, cerca de 30 estudantes participaram de um workshop com um grafiteiro da cidade, Alexandre Augusto Truff, 43 anos, sobre a história e técnicas básicas do grafite. O artista acompanhou e coordenou todo o trabalho de pintura nos muros das escolas.

Os alunos dos desenhos escolhidos disseram que ficaram surpresos com a vitória, e que a oportunidade de grafitar as ilustrações foi um momento especial para eles. “Não imaginava que iria ganhar. Quando me falaram sobre o tema, desenhei tudo que me lembrava a biodiversidade brasileira, como os povos originários, a onça-pintada, o lobo-guará, entre outros elementos”, falou Evelin, que desenha desde criança e pretende trabalhar com artes visuais.

Miguel revelou que nunca havia grafitado antes. “Gosto muito de grafite, acho bem legal. Foi incrível participar e saber que meu desenho está pintado na escola”, diz o jovem estudante, que apostou nos biomas e nos animais para sua ilustração.

O coordenador de projetos da Horizonte Educação e Comunicação, Allan de Amorim, destacou a escolha da temática para esta edição do projeto. “Nosso desejo é que o tema biodiversidade, trabalhado em São Bernardo, inspire a reflexão dos alunos sobre a importância da preservação do planeta e seres vivos, e os professores os incentivem a tomarem ações que promovam o autocuidado para toda a comunidade do entorno escolar”, pontuou.

O grafiteiro Truff, que participa há cinco anos do projeto, explicou que a ação gera pertencimento ao espaço, além de apresentar a arte urbana aos mais novos que ainda não conhecem.

“A pichação nasce na escola, da necessidade de expressão das crianças e dos jovens, e isso não é trabalhado. Ações como essa canalizam essas expressões artísticas, mostram um caminho”, ressaltou.

Truff criticou a gestão de Orlando Morando (PSDB) em relação à falta de valorização da cultura no município. “Antes, São Bernardo tinha muito grafite nas ruas, oficinas em equipamentos públicos, entre outras atividades que incentivavam essa expressão artística, porém, hoje quase não tem mais nada na cidade. As pessoas ainda não se ligaram que a arte é uma ferramenta de transformação. Todos os meus grafites, até os que foram trabalhados em parceria com a Prefeitura, foram apagados nesses últimos anos. A cultura urbana em São Bernardo está sendo apagada”, finalizou.