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Denúncias de racismo no futebol aumentam 50% em torneios da Conmebol

Entre fevereiro e julho foram registrados 18 casos de discriminação em competições continentais, como Libertadores e Sul-Americana

Cleber Ferrette
31/08/2023 | 07:00
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DGABC


Relatório do Observatório da Discriminação Racial no Futebol aponta que os casos de racismo em competições organizadas pela Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) aumentaram 50% em relação a 2022. Enquanto em todo o ano passado foram denunciados 12 casos, somente em sete meses deste ano 18 casos vieram à tona. Esses dados são referentes às ocorrências nas Copas Libertadores da América e Sul-Americana.

O diretor executivo do Observatório, Marcelo Carvalho, observa que esse aumento no número de casos está relacionado à maior conscientização da sociedade e, sonsequentemente, dos atletas. “Temos discutido muito o racismo na sociedade e essa conscientização se reflete no futebol. Temos jogadores denunciando, todos mais atentos e entendendo que o racismo não é só insulto”, reflete. 

Ainda se acordo com o relatório, entre 2014 e 2022 foram feitas 51 denúncias (veja mapa do racismo na tabela acima) e apenas 15 casos foram, de fato, julgados e punidos. Já em 2023, dos 18 casos, apenas oito foram julgados, com envolvidos punidos, aponta o Observatório. Entre os times punidos estão os argentinos Independiente e Boca Juniors, além do paraguaio Olímpia, todos com duas sanções. 

“A mudança que temos hoje é o torcedor brasileiro identificando isso (o racismo) e fazendo com que os racistas sejam presos quando o crime acontece no Brasil. Isso muda o comportamento e vemos mais denúncias. Mas, se não se pune o infrator, as pessoas acham que podem fazer o que quiserem. A impunidade é um dos motivos para os casos aumentarem”, conclui Marcelo Carvalho.

Apesar de ser positivo que haja mais denúncias, as punições ainda parecem ser brandas. Muitas penas aplicadas pela Conmebol são financeiras e punem os clubes e deixam, muitas vezes, os infratores impunes. Na opinião do psicólogo esportivo e analista da Condurú Consultoria, José Vitor Capello Rezende, esse é um importante caminho para combater o crime no ambiente esportivo, porém, é preciso mais. “Punição fincanceira é um passo, mas também é preciso punição esportiva, com perda de pontos, mando de campo e até a finalização do evento com decretação de vitória ao adversário. Endurecer as penas no ambiente esportivo pode ser uma contribuição importante para impactar e conscientizar a sociedade sobre o combate ao racismo”, diz o psicólogo complementando que o tema exige um conjuto de medidas que transcendem a esfera esportiva. “É preciso haver ações conjuntas entre federações e poder público para coibir o racismo, priorizando sempre a punição aos infratores”, conclui.




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