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Destinos turísticos perdem identidade
Rodermil Pizzo
14/08/2023 | 14:31
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Na última coluna publicada, tratamos de Fernando de Noronha e seu alto custo para tudo e todos. Narramos o quanto a ilha – ou melhor, os que dela tomaram posse – estava explorando o bolso do turista.

Noronha hoje exibe um equilíbrio ambiental considerável e, no contrafluxo, um desequilíbrio financeiro ao viajante.

Após a publicação, recebi várias mensagens sobre outros destinos no Brasil, que seguem pelo mesmo caminho.

Já havíamos tratado de Camboriú e sua síndrome de Dubai – coluna de que também recebemos vários elogios e apoio dos leitores, que concordaram com a falta de respeito das autoridades catarinenses e dos empresários locais, cujo foco claramente é de transformar o balneário em um lugar de ricos e famosos, e afastando o turista de menor poder aquisitivo e fazendo sofrer o morador local.

Inclusive, uma das movimentações interessantes que ocorrem no turismo é a migração de turistas, que optam por se hospedar nas cidades circunvizinhas, como Itajaí ou Penha, que têm melhores custos que Camboriú e permitem igualmente o desfrute da região.

Outro destino que também está surpreendendo de forma negativa, pelo alto custo, é Caldas Novas, no Centro-Oeste.

O local, que já foi um paraíso das águas quentes, principalmente para aposentados, grupos de terceira idade e até mesmo das famosas festas de formaturas dos colégios, tem buscado como público-alvo a elite.

As passagens aéreas para Caldas Novas chegam a custar R$ 2.000 por pessoa, partindo de São Paulo – ou seja, voar para Caldas Novas está mais caro que para Fortaleza. Ressaltando que Caldas Novas está distante de São Paulo 800 quilômetros, enquanto Fortaleza dista 3.200.

Nas agências de viagens e plataformas de vendas on-line, as passagens aéreas para o destino Rio de Janeiro também assustam. A famosa ponte aérea barata, com valores que eram praticados até a R$ 99, hoje não são menores que R$ 1.000. Passar um fim de semana nas praias cariocas, partindo de São Paulo, tem custo aproximado de uma semana nas praias de Florianópolis ou Vitória, no Espírito Santo.

Um dos fatores apontados pelas empresas é a falta de malha aérea para os destinos mencionados acima. A hotelaria, por sua vez, pela falta de rotatividade e baixa ocupação, toca cobrar de quem se hospeda um valor maior, para cobrir custos fixos.

Entendo que a falta de concorrência, no caso das cias. aéreas nos coloca em xeque-mate com preços abusivos, afinal, se não forem às famosas e únicas Gol, Latam e Azul, a quem mais recorrer para a compra de passagens nacionais? Um País de dimensões continentais, com malha aérea incipiente. Todavia, não adianta também vir para o Brasil vender passagens e depois sumir, certo Avianca e Itapemirim?

Rodermil Pizzo é doutorando em Comunicação, mestre em Hospitalidade e colunista do Diário, da BandFMBrasil e do Diário Mineiro.




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