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De pai para filho: famílias que movem a indústria

Pais, filhos e netos se sucedem e, por vezes, interagem no quadro de funcionários das empresas da região

Gabriel Rosalin
Especial para o Diário
13/08/2023 | 07:00
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Terceira geração mantém legado vivo da família Flores na fábrica da Volkswagen, em São Bernardo (Foto: André Henriques/DGABC)


O Grande ABC sempre foi uma referência no setor industrial e essa tradição se aprofunda no dia a dia dos funcionários das diversas fábricas que, sem exagero, se transformam na segunda casa dos funcionários. Com o passar dos anos, gerações as gerações foram se sucedendo nas empresas, que em seus quadros de funcionários passaram a ter o registro de pais, filhos e até netos.

A forte tradição das empresas e o legado das famílias se interligam, fazendo com que a relação se torne cada vez mais sólida. Este é o caso da família Flores, da qual três gerações estão envolvidas com a fabricante de veículos Volkswagen, em São Bernardo. O preparador de máquinas aposentado Altair Flores, 69 anos, entrou em 1975 e hoje vê o filho, Alessandro Flores, 48, e a neta, Maria Eduarda Flores, 19, seguirem seus passos.

Alessandro conta que está há 30 anos na fábrica e que começou trabalhando na linha de produção. Atualmente, é analista de recursos humanos. Sua filha, Maria Eduarda, entrou em 2020 e hoje segue o caminho do pai, na linha de produção. 

“Seguir os passos do meu pai e do meu avô é continuar a tradição familiar. Significa aprender com as experiências que tiveram e construir minha própria trajetória”, comentou a mais nova desse legado. Para Alessandro, trabalhar na empresa em que seu pai esteve durante tantos anos é uma honra. “O orgulho aumenta 1.000 vezes, ao ver minha filha trabalhando aqui também. Nos primeiros dias, que a gente chegava juntos, me lembrei quando eu vinha com o meu pai.”

Para Altair, pioneiro desse legado, a Volks foi uma escola, pois, proporcionou diversas oportunidades.“Fiquei 25 anos. Trabalhar aqui foi uma honra, é a minha segunda casa. Mais orgulho ainda é ver meus familiares nessa empresa, sempre passei o amor por ela, vão ficar até se aposentarem.”

A família Mazzetto é outro exemplo de que a tradição familiar ultrapassou o âmbito residencial e alcançou o trabalho. Presentes na Bridgestone, em Santo André, desde 1970, os Mazzetto também conseguiram envolver três gerações na empresa. O precursor foi o marcador de produção aposentado, José Mazzeto, 78, que permaneceu 26 anos na fábrica. 

O filho, José Antônio Mazzetto, que além da mesma empresa também divide o mesmo nome do pai, é, atualmente, gerente sênior de vendas e conseguiu ultrapassar o recorde da família, com 38 anos de casa. A terceira geração se iniciou, em janeiro deste ano, com a analista de comunicação interna Luana Mazzetto, 22.

Ela relata que é uma responsabilidade gigante continuar com o legado da família. “É uma honra muito grande. Sempre tive uma relação de respeito pela marca. Quando eu sinto o cheiro da borracha do pneu e eu sinto um quentinho no coração, pois era o cheiro da camisa do meu pai, era um cheiro de conforto”, conta.

Para o José Antônio Mazzetto, seu pai era um espelho e ter agora sua filha trabalhando junto é uma sensação gratificante. “As lembranças de infância que eu tinha era do meu pai saindo cedo para o trabalho e chegando feliz. Quando a Luana ingressou na empresa, a gente foi na casa dele (seu José) para anunciar. É muita emoção, se continuar falando a gente chora”, comentou o gerente, segurando a emoção.

Quem não conseguiu conter as lágrimas foi o pioneiro de tudo, o ‘Seu’ José Mazzetto. Ele contou a relação com a indústria e o que sente ao ver seus sucessores trabalhando no mesmo lugar que defendeu por anos. “Eu fiquei transbordando de alegria. Eu tenho gratidão, me sinto honrado por esta empresa. O pão que a gente comia na mesa foi tirado daqui”, narrou emocionado. 

Outra empresa clássica do Grande ABC e que preserva a tradição familiar é a Unipar, de Santo André. Marcos Alberto de Moraes, atua há 24 anos no setor de manutenção. Sua filha Brenda Silva de Moraes nasceu três dias antes de começar a trabalhar na empresa e depois de mais de duas décadas é sua colega de trabalho. “É muito gratificante ver que ela seguiu os meus passos. Quando eu soube do processo para Jovem Aprendiz, perguntei se ela queria e logo ela se inscreveu. A única dica que eu dei foi: seja simpática e solícita. Acho que deu certo” conta o pai orgulhoso.

A família Ramos mostra que o ditado ‘filho de peixe, peixinho é’ está correto. Adalton Magno Moraes Ramos, atuou no setor de PVC da unidade por 32 anos e seu filho, Clayton Vieira Ramos atua nesta área há 23 anos na Unipar. “Eu tinha o sonho de ser meu pai, ele é meu herói. Lembro de morar em uma casa no alto e de lá ver o ônibus do meu pai passando na rua, ali já sabia que ele estava chegando e corria para recebê-lo”, diz o filho emocionado.




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