A subida dos preços do feijão e da carne fez com que o valor médio da cesta básica do Grande ABC neste ano tivesse alta de 6,85% e terminasse 2010 custando R$ 22 a mais do que em 2009.

Entre janeiro e dezembro deste ano a diferença no custo dos produtos foi ainda mais acentuada. No início do ano o consumidor da região conseguia encher o carrinho do supermercado com R$ 314,24, já em dezembro foi preciso empregar R$ 51,85 a mais para comprar os mesmos itens que, juntos, saíam por R$ 366,09. No comparativo entre 2009 e 2010, o valor da cesta, que era de R$ 324,52 ao longo de 2009 passou para R$ 346,76.

Vilões do bolso do consumidor em 2010, a carne e o feijão devem apresentar comportamentos totalmente distintos em 2011. Em 2010 os preços médios do feijão, por exemplo, ficaram em torno de R$7,60 o pacote, mas devem voltar à casa dos R$ 2 em breve. A carne deve seguir em escalada. Atualmente, o consumidor paga em torno de R$ 16,90 pelo quilo do coxão mole.

Segundo o engenheiro agrônomo da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento integrado de Santo André) e autor do estudo sobre a cesta, Fábio Vezzá de Benedetto, o preço do grão seguirá em queda no primeiro semestre deste ano, enquanto a carne continuará a pressionar o consumidor.

"No caso do feijão houve muita oferta em 2009 e pouco plantio em 2010. No segundo semestre ele já dava sinais de recuperação nos preços e a chegada de novas safras deve auxiliar ainda mais o custo. No entanto, a carne não tem safra e o tempo médio de criação desses animais é de até 18 meses. Aliado a isso, ainda temos maior procura por carnes lá fora, o que aumenta o interesse dos produtores em exportá-las e faz com que sintamos mais a falta do item no mercado interno e soframos com os preços altos", diz.

Além das altas mais visíveis, Benedetto aponta que o aumento de outros produtos passaram desapercebidos dos consumidores, mas pesaram no orçamento final. É o caso do açúcar e da laranja, que tiveram os custos quase dobrados no período.

"Os valores médios do açúcar em 2008 foram de R$ 1,12, o produto terminou 2009 custando quase R$ 2 o quilo. Em 2010, com preços médios de R$ 2,06 ao longo do ano, passou a custar em torno de R$ 2,20 em dezembro, praticamente o dobro em dois anos", avalia o engenheiro.

O leite, que costumeiramente tem os preços revistos no inverno e afeta diretamente a conta mensal do mercado, ficou estável em 2010 e ajudou a diminuir o peso no bolso pela alta do feijão e da carne. "O preço do leite se manteve sempre abaixo dos R$2, o ano foi mais calmo que 2009, período em que superou a casa dos R$2,30", conclui Benedetto.