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Questão climática
Rodolfo de Souza
20/07/2023 | 12:16
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No início era desconhecimento, puro e simples. Não se pensava a respeito do clima, tampouco nas questões da Terra, este pequeno planeta que nos acolhe, eu e você. Depois, passou-se a conhecer um pouco sobre o assunto, apesar de que nada se fez para deter o ímpeto da engrenagem econômica, devoradora de mundos e de gente. Não era momento para se pensar nisso, afinal. Cientistas são mesmo obsecados por dados catastróficos e passam a vida afligindo as pessoas com suas previsões nefastas – é provável que tenham pensado os donos do capital da época. Se é que chegaram a pensar.

Com o passar do tempo, no entanto, o que era mero descaso tornou-se insensatez. Da insensatez, então, num piscar de olhos, fez-se a insanidade, já que os dados revelados pelos números e gráficos impiedosos apontam para o desastre iminente. E, não bastassem as agências daqui e de acolá alertarem para o sinistro, este pode ser facilmente percebido nos picos de calor no hemisfério norte, pelo incessante derretimento do gelo nos polos, pelo aumento na média de temperatura mundial, pelas secas ou enchentes em demasia. Aliás, tudo no clima de hoje tende ao exagero.

São notícias alarmantes que nos chegam diariamente, embora o olhar econômico seja caolho para tudo isso, situação que o impele a deixar de lado a questão climática, uma vez que o lucro vem em primeiro plano, acima de qualquer cuidado com o quintal em que vivemos. Não entendo muito das questões industriais, variadas questões de produção, embora vague pelo meu pensamento a possibilidade de se frear o inferno de dióxido de carbono lançado na atmosfera, uma questão, talvez a principal, a ser considerada. São muitas questões, aliás, ligadas a múltiplos interesses, contra os quais não há argumentos que se sustentem. O desmatamento para ampliação de pastos e plantio também contribui sobremaneira para potencializar o sinistro, embora pouco se faça para contê-lo.

E porque adoro charges, não perco a oportunidade de me divertir com uma e outra, sobretudo, aquelas em que o senso de humor do artista remete a uma crítica sobre qualquer coisa relativa ao universo que nos cerca. Noutro dia, por exemplo, vi uma em que, num pequeno barco, parte dos ocupantes se desesperava com um buraco no casco da popa. E enquanto eles tentavam tirar a água que entrava, outros que estavam na proa, vestidos, inclusive, com mais requinte, celebravam o fato de estarem longe do buraco, portanto, a salvo de qualquer ameaça de naufrágio. Comemoravam como se estivessem em outro barco. A situação retrata, enfim, o problema do aquecimento global.

É importante destacar, claro, que muito se tem falado a respeito. Governantes batem cabeça em congressos onde se discute o assunto. Órgãos respeitados, mundo afora, também publicam relatórios que apontam o caminho para o caos e possíveis saídas.

Está, pois, nas mãos de governantes e homens de negócio deste mundo a saída para se evitar o pior. Apesar de que constatar que o futuro de toda a gente depende de poucos, em cujas veias flui somente dinheiro, desanima e faz ver com pessimismo o destino da Terra. Diga-se de passagem, refiro-me aqui aos habitantes dela. O planeta, de qualquer forma, seguirá seu rumo, girando em torno do Sol. É possível até que se renove a partir daí.

Rodolfo de Souza nasceu e mora em Santo André. É professor e autor do blog cafeecronicas.com




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