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Motos e carros: a difícil convivência
Cristie Buchdid
Do Diário do Grande ABC
07/08/2001 | 17:20
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O conflito entre motos e automóveis nas ruas e avenidas é a expressão do caos. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que monitora o trânsito na capital paulista, um motociclista morreu a cada 36 horas no ano passado nas ruas e avenidas de São Paulo, o que deixa à mostra uma ferida que poderia ser menos fatídica se os personagens desta rotina observassem regras básicas de convivência.

Ao lutar pelo espaço nas vias, motoristas e motociclistas nem sempre têm consciência de que suas vidas estão em jogo. De acordo com a CET, motos podem andar nos corredores (entre as faixas), mas é ideal reduzir a velocidade, por se tratar de uma área estreita que requer habilidade.

Para piorar, o limite de velocidade nem sempre é respeitado. “No corredor, as motos circulam entre 60 km/h a 80 km/h. Se alguém reduzir a velocidade, atrapalha os outros”, diz Silvio Marques Gomes, de Santo André, que trabalha há sete anos como motoboy.

A falta de atenção também provoca acidentes. É comum motoristas mudarem de faixa sem antes conferir se há um motociclista na lateral. O mesmo problema ocorre nas conversões. Segundo o superintendente da Empresa Pública de Transportes e Trânsito de Santo André (EPT), Epeus Monteiro, é necessário sinalizar a conversão e ficar atento, pois, como o corredor é estreito, a moto pode estar no ponto cego – efeito que impede que o motorista perceba, pelo retrovisor lateral, a presença de outro veículo durante uma manobra.

O motociclista também deve andar com o farol ligado, seja de dia ou à noite. Trata-se de uma exigência do Código de Trânsito Brasileiro, que considera infração média – com multa de R$ 85,12 e quatro pontos na carteira de habilitação – dirigir uma motocicleta sem o farol baixo aceso.

Manter uma distância mínima em relação ao veículo da frente também é uma medida de segurança. “O ideal é que o motociclista ande atrás do carro no centro da faixa para ser visto pelo retrovisor interno e tenha visão das quatro rodas. Se visualizar só as duas rodas traseiras, está muito perto”, diz o proprietário da Auto Moto Escola Martinho, de São Bernardo, Oswaldo Madeira Jr.

De acordo com Madeira, um vício dos motoristas é andar no meio da rua ou na faixa da esquerda, mesmo em velocidade baixa. Se a faixa da esquerda estiver ocupada, o motociclista deve buzinar e pedir espaço para a ultrapassagem. “O problema é que os motociclistas, em sua maioria, ultrapassam por onde surge uma brecha”, afirma o taxista da ABC Rádio Taxi, José Luiz Ingrund.

A conservação das vias também é decisiva para evitar acidentes. Buracos, bueiros abertos, sacos de lixos no caminho e chapas metálicas sobre o asfalto para esconder “armadilhas”. “Outro problema é a sinalização. Em alguns trechos, não existe”, diz Gomes.

A falta de educação, por sua vez, pode não resultar em acidentes, mas em brigas. “Alguns motoristas jogam bitucas de cigarro pela janela. Já fui atingido”, diz Gomes. Atirar do veículo ou abandonar na via objetos ou substâncias é infração média segundo o código de trânsito.




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