Política Titulo
Tuma: inquérito de Ceci foi mal-conduzido
Do Diário do Grande ABC
14/01/1999 | 19:48
Compartilhar notícia


O relator da comissao de sindicância criada na Câmara para apurar o assassinato da deputada Ceci Cunha (PSDB-AL), deputado Robson Tuma (PFL-SP), acusou nesta quinta-feira de "mal- conduzido" o inquérito de responsabilidade do delegado Arnaldo Carvalho, que comanda a equipe mista civil-federal investigativa do crime, em Maceió . "Do jeito que o inquérito está andando, nao vai chegar a lugar nenhum", afirmou.

"O delegado nao tomou providências básicas que qualquer inquérito precisa seguir, é primário", disse. Tuma afirmou que vai pedir que a Polícia Federal (PF) tome frente à investigaçao. Para o deputado, o depoimento do delegado à comissao foi suficiente para perceber que a polícia alagoana "nao tem nenhuma condiçao" de continuar nesta investigaçao.

Na semana passada, contudo, quando o inquérito foi entregue à comissao, o superintendente da PF, Vicente Chelotti, elogiou o trabalho da Polícia Civil e afirmou que o inquérito estava quase concluído. "Tudo indica para que o principal suspeito de mandante do crime seja o deputado Talvane Albuquerque (PFL-AL)", afirmou Chelotti. Segundo ele, só faltava, "para dar um ponto final ao caso", prender os três assessores de Albuquerque, suspeitos de serem executores do crime, que estao foragidos desde o dia 18, com prisao preventiva decretada.

Hoje, 60 homens da PF estavam fazendo a segurança dos depoentes no inquérito. O mais esperado, considerado testemunha- chave do caso, o pistoleiro Maurício Novaes, o "Chapeú de Couro", entrou na sala da comissao às 17 horas.

Com camisa xadrez, corrente no pescoço e um boné branco com a inscriçao "Mano Governador, Ceci Vice", "Chapéu de Couro" distribuiu sorrisos, mas nao falou com a imprensa na entrada. O pistoleiro depôs à PF em Sao Paulo há quinze dias, acusando Albuquerque de tê-lo contratado para matar o deputado Augusto Farias (PFL-AL). "Chapéu de Couro" teria desistido do assassinato por encomenda por nao querer se envolver com investigaçao federal e procurado Farias para denunciar a intençao de Albuquerque.

Um dos policiais federais enviados a Alagoas afirmou que a conduçao do inquérito criticada por Tuma nao está "de se jogar fora". O problema, segundo ele, é que há "pressoes de vários lados" para evitar que o inquérito "vá longe" - no real mandante do assassinato.

"Em Alagoas, há muita coisa protegida que ninguém chega perto, ou você acha que o PC foi morto pela amante?", questionou. O ex-tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello, Paulo César Farias, e a namorada dele, Susana Marcolino, foram encontrados mortos em Maceió, há dois anos e meio.

De acordo com o corregedor-geral da Câmara e presidente da comissao, Severino Cavalcanti (PPB-CE), a crítica de Tuma nao tem relaçao com o objetivo da comissao. "Estamos trabalhando para investigar se houve quebra no decoro parlamentar de algum deputado nesse crime", destacou.

A quebra do decoro pode ser apenas pelo fato de Albuquerque ter algum relacionamento com um pistoleiro de aluguel - mesmo que o inquérito policial nao chegue a nenhuma conclusao sobre o assassinato de Ceci.

Além do depoimento de "Chapéu de Couro", foram ouvidos hoje a prefeita de Anadia (AL), Marlene Fidelis, que disse ser Albuquerque "incapaz de matar uma mosca"; o policial Jorge Farias, que teria agido como intermediário no contato do pistoleiro com Augusto Farias, e o segundo suplente da coligaçao que elegeu Ceci, deputado Elenildo Ribeiro.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;