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Taka Yamauchi diz que Filippi parou no tempo e deixou Diadema isolada

Segundo colocado na eleição para prefeito de Diadema em 2020 (com uma diferença de apenas 5.618 votos no segundo turno), Taka Yamauchi (MDB), atual presidente da SPObras, empresa pública ligada à Prefeitura de São Paulo, afirmou que o prefeito José de Filippi Júnior (PT) parou no tempo em sua gestão.

Da Redação
05/06/2023 | 08:11
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Celso Luiz/DGABC


Segundo colocado na eleição para prefeito de Diadema em 2020 (com uma diferença de apenas 5.618 votos no segundo turno), Taka Yamauchi (MDB), atual presidente da SPObras, empresa pública ligada à Prefeitura de São Paulo, afirmou que o prefeito José de Filippi Júnior (PT) parou no tempo em sua gestão. “Filippi ficou no passado e nunca olhou para o futuro”, disse. Taka, que afirmou que pretende disputar novamente o Paço de Diadema, rebate quem possa dizer que ele não tem experiência no Executivo. “Sou empresário, fui secretário de Obras e hoje administro 15 vezes o orçamento de Diadema em investimentos.” Segundo ele, Filippi isolou o município da Capital e não pensa em ações conjuntas nas áreas de divisa.

O sr. ficou muito perto de vencer a eleição em 2020. Que recado a urna mostrou naquele momento?

Eu vejo com muita clareza que as pessoas querem melhorias, bem-estar. A gente viu que naquele momento de 2020 faltou muito pouco, uma diferença de pouco mais de 5.000 votos, uma das menores do Estado. O apelo das pessoas era por renovação, pela transformação. Diadema parou de crescer há muito tempo e agora precisa desse resgate da dignidade. Muita gente ainda se envergonha de morar em Diadema, em virtude das consequências da falta de administração, da falta de oportunidades. E quando a gente colocou a proposta da dignidade pela força do trabalho, fomos muito bem recebidos. Meus pais são japoneses e Diadema trouxe muitas oportunidades para minha família. A gente vê muitos nordestinos que vieram para a cidade. Hoje, a cidade está perdida e precisa avançar, principalmente na questão da geração de empregos. Há um passado muito claro, com os mesmos nomes, como Filippi, há 30 anos e que não se renovam e Diadema é um reflexo disso. É necessário que o município pense em oportunidades de futuro. As pessoas querem olhar para a frente, querem uma gestão pública mais avançada, com tecnologia, que possa melhorar a qualidade de vida das pessoas. Não venci porque a política antiga da cidade é muito antiga. E tenho convicção que em 2024 poderemos ser essa opção do protagonismo. Somos a segunda maior força política de Diadema.

Qual sua avaliação do governo Filippi?

A minha análise é baseada nas inúmeras reclamações das pessoas. A gente recebe inúmeras mensagens, principalmente relacionadas à área da saúde. Há casos de dona de casa que não encontra dipirona no posto de saúde, um estudante que reclamou da falta de segurança no ponto de ônibus, gente que procura creche para o filho e não acha. Há muitas queixas de quem não consegue pagar a conta de água porque está embutida a taxa de lixo. Hoje há aumento de taxas e promessas não cumpridas. E não é o Taka que está dizendo que a cidade está ruim, é o morador de Diadema. A atual administração é ruim, muito diferente do que é apresentado nas redes sociais. Hoje a gente vê muita maquiagem. 

Recentemente, a Prefeitura admitiu que houve cobrança indevida da taxa de lixo. Isso exemplifica sua avaliação sobre o governo?

Uma gestão que pune as pessoas com cobrança de taxas e depois volta atrás. Agora querem devolver o dinheiro. É na linha do ‘vai que cola’. Quando percebem que é um desastre político e uma ação de incoerência, agora recuam. Administração não é isso. Não há diálogo e o que a gente vê são trapalhadas como essa. Há um vaivém de decisões. E as pessoas têm memória. A mesma questão em relação à liberação das catracas no terminal rodoviário, o que não aconteceu. Eu lamento demais isso. Entendo isso como um enorme despreparo do prefeito de Diadema e de seus secretários.

É possível falar em despreparo de um prefeito que comanda o município pela quarta vez?

Antigamente não existia telefone celular, rede social. Não adianta administrar e se comunicar como fazia há 20 ou 30 anos. As coisas mudam. A administração precisa avançar e ter coerência. As coisas foram mudando e o personagem principal se manteve, sem qualquer inovação. A experiência maior é sempre aprender, estar se modernizando. E isso não está acontecendo. Filippi ficou no passado e nunca olhou para o futuro. As necessidades das pessoas hoje são diferentes das pessoas há 20 anos. A experiência dele não se modernizou. Isso acarreta erros tão primários que parece que ele nunca administrou uma cidade.

Na sua avaliação, saúde é o principal problema atualmente em Diadema?

Um deles. Saúde, segurança, educação e a falta de zeladoria são a consequência dessa má administração. Quando não há foco nas pessoas, na cidade, sem gestão voltada para a população, acontecem os erros grandes. A gente perdeu para a mentira em Diadema. Hoje a gente assiste um número enorme de promessas não cumpridas. O que adianta falar em hospital novo se a gente não conseguiu consertar o atual? O problema não são os equipamentos de saúde, e sim a falta de gestão. Faltam médicos, insumos. Filippi fala de construção de hospital, de um quarteirão da educação, quando a gente vê que o da saúde não funciona. 

Sua pré-candidatura é vista como um nome antiPT na cidade?

Totalmente. A gente vai trazer, ao longo do processo, uma força de centro-direita. Tudo que não tiver atrelado ao PT, que fez uma política danosa à cidade, vamos buscar. Diadema poderia estar muito mais avançada. E isso traz uma espécie de revolta à gestão do PT. Temos um movimento que mostra valores da família, princípios éticos, morais, de excelência pública, para que a gente traga um protagonismo para os moradores de Diadema. Somos, sim, uma força antagônica ao PT.

Há quem diga que o sr. teria pouca experiência no Executivo. Como lida com isso?

Muito pelo contrário. Desde os 18 anos atuo na administração privada, como empresário e engenheiro. E todos os nossos negócios têm um ótimo resultado, mesmo com os desafios impostos pela pandemia e pelos diversos planos econômicos. Também fui secretário de Obras de Ribeirão Pires, que me trouxe uma experiência pública muito importante. Conseguimos tirar do papel obras paradas. Fizemos muitas ações importantes, que me trouxeram muita vivência de gestão. E, graças ao prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB), que tem feito um grande trabalho, estou há quatro meses à frente da SPObras, que me dá condições de gerir até o ano que vem R$ 15 bilhões, maior do que todo o orçamento do Grande ABC. 

E como tem sido a experiêwncia à frente da SPObras?

Muito positiva. Lá estão sendo construídos três piscinões, cinco corredores de ônibus, dois terminais, reformas e construção de escolas. Até o fim do ano, podemos executar R$ 9 bilhões. Diadema hoje tem R$ 1,2 bilhão de orçamento, sendo metade para folha de pagamento e metade para investimentos. Levando em conta o que é destinado para investimentos em Diadema, SPObras vai investir 15 vezes mais do que a cidade de Diadema. É como se eu administrasse 15 ‘Diadema’ ou quatro ‘São Bernardo’ em investimentos. Cuido do maior programa de revitalização de escolas e construção de pontes e viadutos da América Latina. Em pouco mais de 100 dias, tirei 80% dessas obras do papel. Hoje são 1.300 obras simultâneas na cidade de São Paulo. Em breve vamos investir cerca de R$ 2 bilhões no programa de segurança nas escolas, com videomonitoramento, e muitas outras ações. Quando o governo quer fazer ele faz. E isso a gente não vê em Diadema.

E o que seria possível replicar de sua gestão na SPObras em uma possível gestão em Diadema?

Modelo de gestão. Uma administração transparente, com foco e trazendo prioridades para o governo. É necessário ter força de vontade para tirar os projetos do papel. E também é preciso ter foco nas pessoas.

Falando sobre segurança nas escolas, qual sua avaliação da ação da Prefeitura de Diadema, que focou em cultura de paz?

A gente sabe que hoje a Guarda Municipal da cidade não é valorizada. E a inoperância de ações do governo acaba refletindo na segurança, e causa apreensão aos estudantes e aos pais. Quando Diadema sequer promove políticas concretas e simplesmente fala em cultura de paz, isso significa ficar apenas no discurso. Quem filho na escola sabe que é necessário que haja uma ação efetiva. Poderia fazer programas específicos de segurança nas escolas, garantir o monitoramento das unidades, para que nossos filhos possam ser bem cuidados. E isso a gente não assiste na cidade.

Hoje o sr. está no MDB, mesmo partido de Ricardo Nunes, que é candidato à reeleição. O que poderia significar uma eventual vitória sua e do prefeito da Capital?

Seria fundamental essa boa relação entre as cidades. Diadema e São Paulo têm 9,4 quilômetros de divisa. A gente fala de uma área conurbada e as pessoas que moram nessas regiões sofrem. Mas, do lado de São Paulo, isso está mudando. É possível fazer a diferença nas divisas. Uma eventual vitória nossa e do prefeito Ricardo Nunes, a gente está falando na melhoria da qualidade de vida das pessoas que moram nesses locais. É preciso que haja uma cooperação das cidades para ajudar essas famílias que moram nessas faixas.

E como é hoje essa relação entre Diadema e a Capital?

Da parte da prefeitura de São Paulo e da SPObras, há várias ações que ajudam a melhorar a vida das pessoas, como recapeamento e reformas de escolas, mas há pouco diálogo com a Prefeitura de Diadema, mas não por nossa parte. A gente gostaria que isso acontecesse, mas parece que a administração de Diadema se isola em uma bolha e não enxerga a aflição das pessoas.

Como seria uma eventual relação de sua gestão em Diadema com o governo federal, que em tese seria mais próximo de Filippi?

Um dos tripés de uma boa administração é a institucionalização da captação de recursos. Em Ribeirão Pires, fui gestor de convênios federais. O que a gente precisa é olhar nas pessoas e não em partidos. Vamos levar bons projetos e acredito no bom diálogo.




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