Internacional Titulo
Blair adverte que o Irã não deve tentar qualquer ingerência no Iraque
Da AFP
06/10/2005 | 16:19
Compartilhar notícia


Tony Blair advertiu nesta quinta-feira que o Irã não deve intervir nos assuntos iraquianos, depois da descoberta de bombas sofisticadas que, segundo ele, poderiam ser iranianas ou do Hezbollah.

"Não há qualquer justificativa para que o Irã ou qualquer outro país intervenha nos assuntos do Iraque", declarou, durante uma coletiva de imprensa com o presidente iraquiano Jalal Talabani, em visita a Londres.

Blair confirmou que o Reino Unido suspeita que o Irã sustenta a rebelião no Iraque.

"Está claro que existem novas bombas que são utilizadas não apenas contra as tropas britânicas, mas também no Iraque, e a natureza particular dessas bombas nos conduz ora a iranianos, ora ao Hezbollah", declarou Blair.

"Elas são parecidas com as bombas utilizadas pelo Hezbollah, que é apoiado pelo Irã", acrescentou. "No entanto, ainda não temos certeza", disse ele.

Na quarta-feira, um alto responsável britânico foi mais categórico, afirmando que os Guardas da Revolução Iraniana haviam fornecido tecnologia para explosivos para uma série de ataques recentes que mataram oito soldados britânicos e dois agentes de segurança no Iraque.

Dotados de detonadores em infravermelho e de explosivos capazes de perfurar a blindagem dos veículos militares, essas bombas sofisticadas explicam em parte o grande número de perdas humanas desde o verão.

Nesta quarta-feira, Teerã qualificou essas acusações de "intrigas". "Eles não têm qualquer prova. Eles mesmos são os responsáveis pela instabilidade no Iraque e acusam os outros", reagiu nesta quarta-feira o porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Hamid Reza Assefi.

Blair sugeriu que os dirigentes iranianos poderiam temer a emergência de uma democracia na fronteira.

"Alguns países vizinhos ao Iraque se preocupam com seu próprio povo. O que aconteceria se houvesse um Iraque livre decidindo seu futuro com eleições livres, governado pelo Estado de Direito, com uma imprensa livre e um sistema de decisão que leva em conta a vontade do povo?", perguntou. Blair evocou implicitamente a hipótese de que Teerã apóia a rebelião iraquiana com a intenção de obter o aval de Londres para suas ambições nucleares.

"Não vamos nos submeter a qualquer intimidação porque nós levantamos as questões necessárias e exigimos que o Irã cumpra suas obrigações relacionadas às armas nucleares, em decorrência do tratado" da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), disse Blair.

As negociações realizadas por Reino Unido, França e Alemanha para levar o Irã a renunciar a suas ambições nucleares chegaram a um impasse depois da eleição, no fim de junho, do ultra-conservador Mahmud Ahmadinejad para a presidência do Irã. Teerã decidiu em julho retomar as atividades ultra-sensíveis em sua usina de conversão de urânio em Ispahan. Agora os europeus e os americanos desejam que o dossiê seja transmitido ao conselho de segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

Desde o início da invasão iraquiana, o Reino Unido vinha se abstendo de advertir o Irã por seu eventual envolvimento no Iraque, recusando-se a seguir os passos de Washington.

Ao contrário de seu aliado americano, o Reino Unido sempre defendeu uma política de "diálogo construtivo" com Teerã, apesar das tensões constantes entre os dois países: vários ataques contra a embaixada britânica em Teerã e a convocação pelo Irã de seu embaixador em Londres em setembro de 2003.

Em junho de 2004, os Guardas da Revolução capturaram oito soldados britânicos que patrulhavam o Chatt-el-Arab, área que separa o Irã e o Iraque.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;