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Após perder espaço no ninho tucano, Orlando se reaproxima de Alckmin

Vice-presidente de Lula participa de evento com políticos e empresários em São Bernardo e promete ‘boas notícias’ para a indústria

16/05/2023 | 08:06
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Omar Matsumoto/PMSBC


A presença do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do governo Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) no Fopa (Fórum Paulista de Desenvolvimento), em São Bernardo, sinaliza uma aproximação do prefeito Orlando Morando (PSDB), que perdeu espaço no ninho tucano, com os petistas. No evento, ex-governador de São Paulo se reuniu com representantes das montadoras de veículos da cidade (Volkswagen, Mercedes-Benz e Scania) e prometeu que no dia 25, quando e Comemorado o Dia da Indústria, o governo federal dará “boas notícias” ao setor.

O vice-presidente afirmou que o Planalto está trabalhando em um conjunto de medidas voltadas ao segmento industrial. “Se preparem, dia 25 vamos ter boas notícias para a indústria”, prometeu.

A expectativa é que o pacote inclua medidas de resgate do carro popular e de apoio à indústria de caminhões num esforço para aquecer o mercado de veículos.

Em seu discurso, que deu foco à agenda de competitividade do governo, Alckmin não avançou nas ações a serem lançadas. Limitou-se a dizer que estão sendo estudados vários projetos “mais focados”.

Apesar das medidas específicas às indústrias, Alckmin considerou ser mais importante evoluir nas medidas macroestruturais, como a reforma tributária e o novo marco fiscal, de modo a enfrentar a elevada carga de impostos carregada pela indústria e o alto custo de capital.

“Precisamos agir nas causas do baixo crescimento”, disse o vice-presidente.

Alckmin avaliou que o câmbio, com a cotação do dólar oscilando ao redor de R$ 5, está em patamar competitivo para os produtos brasileiros. “O câmbio está bom”, disse Alckmin, acrescentando que o dólar mais próximo a R$ 1 “mata a indústria”, já que torna “muito mais barato importar”. E declarou: “Hoje, o câmbio a R$ 4,90 ou R$ 5, vai variar um pouco nessa faixa, é um câmbio competitivo. Ele não pode ter grandes oscilações”.

A agenda de competitividade esteve no foco do discurso de Alckmin, que elencou medidas tomadas ou planejadas pelo governo nas áreas de educação, logística e comércio exterior.

Além de prometer um grande programa de concessões e de PPPs (Parcerias Público-Privadas), como forma de corrigir atrasos na infraestrutura de transporte, o vice-presidente defendeu que os acordos comerciais privilegiem os países vizinhos do continente, principal destino dos produtos industriais exportados pelo Brasil.

Em paralelo, pontuou, será um “passo importante” ao comércio exterior se o Mercosul fechar acordo com a União Europeia.

Durante o fórum, Alckmin também manifestou otimismo sobre a queda dos juros, considerando não haver no País uma inflação de demanda, mas sim uma inflação importada, por conta do choque de oferta decorrente da guerra na Ucrânia, e de preços administrados, dada a reoneração dos tributos federais sobre combustíveis.

Após declarar que não vê sentido em a Constituição ter uma regra de teto dos gastos, o vice-presidente disse também estar otimista com a votação nas próximas semanas do novo arcabouço das contas públicas, que considerou ser uma proposta inteligente por estabelecer bandas para as metas de fiscais.


Orlando já traiu Alckmin e pediu sua saída da comando do PSDB

No meio político, o prefeito Orlando Morando (PSDB) é considerado um político “traidor”, que não cumpre acordos e que se afasta rapidamente de quem perde o poder político, mesmo que momentaneamente. Isso explica a atuação do tucano de aproximação com petistas e seus aliados, hoje no poder.

Alckmin sofreu na pele o modus operandi nada republicano de Orlando. Em 2018, o então governador Geraldo Alckmin foi o nome escolhido pelo PSDB para ser o candidato a presidente da República. À época, o governador era o presidente nacional do PSDB. Ainda que com uma base grande de partidos e bom tempo de TV, o resultado não foi o esperado pelos tucanos e Alckmin obteve apenas 4,76% dos votos válidos na ocasião.

Poucas horas após o resultado da eleição, Orlando começou a dar declarações de que Alckmin não poderia mais dirigir o partido.

Ao jornal O Globo, o Orlando disse: “Precisa trocar os dirigentes agora. Os que estão na direção não se atualizaram para a nova realidade da sociedade. Não podemos mais perder tempo e não dá para continuar com essa Executiva”.

Em fevereiro de 2022, em evento com o então governador João Doria em São Bernardo, Orlando criticou mais uma vez Alckmin, que naquela época ainda não tinha sido anunciado oficialmente como vice de Lula.

Durante o discurso, com a presença do Diário, ele culpou Alckmin pelo fato de a região não contar com nenhuma linha do Metrô. “Eu carreguei um caixão de porta aberta por mais de oito anos. Não fui eu quem prometeu o Metrô para o Grande ABC, quem prometeu foi o ex-governador Geraldo Alckmin, do qual eu era aliado e de seu partido, mas não se consolidou”, afirmou. 

Durante a campanha eleitoral do ano passado, Orlando disse, em entrevista à Jovem Pan News, que o partido não deveria estar “nem com o extremo da direita nem com o extremo da esquerda”. Só que ele declarou apoio a Jair Bolsonaro (PL). Ainda nesta entrevista, o prefeito de São Bernardo disse que “não tinha mais nenhum contato com Geraldo Alckmin e que pertencia à ala jovem do PSDB”. 

No evento de ontem, o prefeito de São Bernardo lidou como se nunca tivesse falado mal de Alckmin, ainda mais agora que ele é o número 2 do governo Lula. Também não há relatos de que, em algum dia, Orlando tenha se desculpado do que falou de Alckmin.




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