Política Titulo Oportunidade
Santo André será polo na produção de pneu agrícola, diz Evandro Banzato

Nosssa política é de melhorar o ambiente de negócios e fazer com que as nosssas empresas possam ser mais competitivas

Sérgio Vieira
do Diário do Grande ABC
11/05/2023 | 07:53
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Celso Luiz/DGABC


Uma oportunidade de novos negócios, caminhos para mais investimentos e uma estrada aberta para Santo André ser referência no mercado de pneu industrial e agrícola. Essa é a leitura mais ampla que faz o secretário de Desenvolvimento e Geração de Emprego de Santo André, Evandro Banzato, da notícia divulgada pela direção da Bridgestone do desligamento de cerca de 600 colaboradores da planta de Santo André. Na avaliação de Banzato, a empresa redireciona a produção de pneus automotivos à Bahia para poder resgatar a competitividade, principalmente no mercado agro, que ficará no Grande ABC. “Ou seja, a empresa não sai da cidade. A Bridgestone quer avançar. A direção da empresa deixou claro para nós o compromisso com o mercado nacional, com a história que tem com Santo André e com o Grande ABC”, disse o secretário. 

Secretário, qual sua avaliação do anúncio das cerca de 600 demissões na planta da Bridgestone em Santo André?

Esse fato traz uma série de reflexões. A primeira questão é quantas empresas têm a prática de comunicar a dispensa de seus colaboradores com seis meses de antecedência? Além disso, há pacote de demissão voluntária, possibilidade de capacitação, de migração para outras plantas, e opção, por meio do poder público local, de qualificação, por meio do programa Escola de Ouro. Essa já é uma grande reflexão. A segunda questão é que não existe hoje, para que uma empresa seja competitiva, que tenha um grande mix de produtos. E era o que estava acontecendo com a Bridgestone. A empresa tem 168 plantas do mundo e uma das três maiores globais é a de Santo André, com 3.500 trabalhadores. E a única que tinha esse mix amplo era essa. Ou seja, a empresa estava perdendo competitividade. Para resgatar essa competitividade e reestruturar seus negócios na região e no Brasil, a empresa está dando um passo para trás para dar dois adiante. A Bridgestone quer avançar. A direção da empresa deixou claro para nós o compromisso com o mercado nacional, com a história que tem com Santo André e com o Grande ABC. A empresa está situada hoje em um dos maiores mercadores consumidores da América Latina. A ideia deles agora é, ao destinar para Camaçari (na Bahia) essa parte dos pneus para veículos de passeio, focar aqui em Santo André no mercado industrial e agro, com pneus para ônibus, caminhões e máquinas agrícolas. Isso é que o faz a Prometeon, concorrente deles, e é o que afirmaram que farão aqui conosco. Ainda que pareça uma notícia negativa em um primeiro momento, ficou claro para nós que esta planta vai receber em um futuro breve mais investimentos para que dentro desse novo layout a empresa possa seguir competitiva. São etapas. E esta é uma etapa de reestruturação.

Significa que Santo André pode aproveitar mais esse mercado?

Totalmente. A Agrishow (em Ribeirão Preto) movimentou R$ 13,3 bilhões em máquinas e equipamentos. Se tem máquinas, tem pneus. E se tem pneus, tem mercado importante estratégico, que é o da borracha, e que está muito presente em Santo André. Dentre nossa política de desenvolvimento econômico, desde 2017, nunca vamos pecar por omissão. Nessa ação de desligamento, o poder público também está presente para trazer todas as ferramentas para quem quiser empreender. O que fica claro é que dá para mitigar isso, colocar de volta no mercado e prestar esse apoio. Esse trabalho em conjunto da empresa, Prefeitura e sindicato é muito importante.

E de que maneira o poder público pode auxiliar esses trabalhadores que foram desligados?

Nós estamos em contato com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), e junto com a Prefeitura, colocar um serviço de treinamento e capacitação com esses trabalhadores que serão desligados. A gente já está fazendo isso. 

O que fazer para que a indústria da borracha, especificamente no Grande ABC, possa crescer ainda mais?

Esse é um momento de a gente acionar nossos deputados federais para se debruçar sobre a reforma tributária, porque isso impacta diretamente todas as cadeias. Se a gente quer discutir a nova industrialização, temos de falar de chips, mobilidade elétrica. E os deputados precisam falar disso.

Então esse foi o momento de perder agora para a ganhar depois?

Para a empresa, essa foi a leitura. É perder momentaneamente para continuar ganhando. E quando a gente falar em ganhar é ver ganhar toda a nossa região. Santo André pode se tornar um grande polo de pneus agrícolas. Isso é possível. O mercado agro já é um mercado importantíssimo para o Brasil e a tendência é crescer ainda mais. O Brasil detém as melhores tecnologias. Essas discussões são fundamentais. 

Há mão de obra para isso?

Uma das grandes riquezas do Grande ABC é a mão de obra qualificada. As 12 universidades que estão conectadas conosco no Parque Tecnológico têm, juntas, mais de 100 mil alunos. Temos a Universidade Federal do ABC, o Instituto Mauá de Tecnologia, a FEI, a Fundação Santo André e a mais recente, que é a Universidade Mackenzie. Valorizar o nosso ecossistema é o ponto chave para a gente manter a indústria da borracha, a indústria petroquímica, a indústria têxtil, o setor logístico. A gente precisa trazer para perto esses atores.

O que o sr. está colocando é que Santo André vai ser uma referência na fabricação de pneu agro?

É o que está se desenhando. A Prometeon e a Bridgestone são dois grandes players mundiais, um chinês e um japonês. E aí a gente olha para nossa infraestrutura e logística como um todo. O empresário sabe que o maior porto seco do Estado de São Paulo está em Santo André, temos proximidade com o porto de Santos, com o aeroporto de Guarulhos, mão de obra qualificada. E também é preciso destacar que a maior infraestrutura pública e privada de saúde, com exceção da Capital, está em Santo André. Temos 12 hospitais privados e mais uma grande rede pública. Isso também faz parte da política de desenvolvimento econômico, porque os colaboradores da empresa terão uma grande rede de saúde, parques públicos, transporte de qualidade, mobilidade e bons investimentos no mercado imobiliário. Nossa política é de melhorar o ambiente de negócios, fazer com que nossas empresas sejam mais competitivas e fomentar a cultura de inovação, qualificação e empreendedorismo. Alguns resultados a gente colhe de imediato e outros acontecem ao longo tempo, a médio e longo prazos. 

A Prometeon é uma referência nessa questão?

Com certeza. Eles iam construir um laboratório no Interior de São Paulo. Quando a gente começou a conversar com eles, em 2017, conseguimos trazer para Santo André. Foram R$ 40 milhões de investimentos e 150 novos colaboradores. 

Acha que o caminho da Bridgestone pode ser parecido?

Sem dúvida. Não há fechamento e sim transferência. Isso mostra que eles vão focar no mercado industrial e de agro em Santo André, que é um mercado muito promissor e com produtos muitos lucrativos. 

Na reunião realizada recentemente na Prefeitura, houve algum pedido para que a cidade tivesse a menor perda possível?

Sim. Essa parceria com o Centro Público de Emprego e Renda, que já está em contato com a equipe de recursos humanos da Bridgestone. Conversei também com a deputada estadual Ana Carolina Serra (Cidadania), no sentido de dar qualificação necessária a essas pessoas. Esse diálogo permanente será fundamental, entendendendo esse resgate que a empresa está fazendo em reorganizar sua competitividade, para mitigar esses impactos que aparentemente são negativos, mas que podem trazer bons resultados. O que a gente pode fazer no âmbito municipal é prestar esse apoio junto aos nossos colaboradores, trazendo algumas posições, queiram eles empreender, se reinserir no mercado de trabalho ou buscar qualificação. O fato é que todos terão o apoio. Vale lembrar o nosso último Feirão do Emprego e Inclusão Produtiva recebeu 31 mil pessoas que querem estar no mercado.




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