Política Titulo Rede municipal
Número de servidores da saúde é caixa-preta em São Bernardo

Dirigente sindical e enfermeira da rede há quase 30 anos afirma que contratação de PJs e falta de informações dificultam ter quadro exato

Wilson Moço
Do Diário do Grande ABC
15/04/2023 | 01:02
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Reprodução/Facebook PMSBC


Diretora de base e de sindicalização do Sindiserv (Sindicato dos Funcionários Públicos e Autárquicos) de São Bernardo, Simone Oliveira Sierra afirma que o número de médicos que atuam na rede municipal de saúde é uma “verdadeira caixa-preta”. O motivo, segundo explica a enfermeira que trabalha há quase 30 anos como concursada na saúde, é que a Prefeitura tem cada vez mais recorrido à contratação de profissionais PJ (Pessoa Jurídica) nos últimos anos, cujos nomes não constam nas relações de colaborares publicadas no Portal da Transparência do município.

Além de a prática dificultar sobremaneira o acesso a informações confiáveis sobre o número de médicos que realmente trabalham nos equipamentos de saúde de São Bernardo, a dirigente sindical aponta que a contratação de PJs rotineiramente causa transtornos no atendimento. “Como PJs ganham por dia trabalhado, é muito comum não aparecerem, principalmente aqueles escalados para atuar nas unidades mais distantes, periféricas, como na do Alvarenga e no Núcleo Santa Cruz, no pós-balsa. Nem comunicam que não vão, o que complica o atendimento. E tem aqueles que simplesmente nunca mais aparecem. Então, como saber quantos e quais médicos estão em falta e quantos temos, se a Prefeitura não informa?”, questiona.

Simone Sierra, que também integra o Conselho Municipal de Saúde, diz que nem nas reuniões do órgão é possível colocar na pauta a discussão em torno da falta de profissionais, principalmente especialistas, casos de neuropediatras e hematologistas, além de outras funções (enfermeiros, por exemplo). Segundo ela, a questão não avança e “quem sofre é a população”, embora o presidente do grupo seja o secretário municipal da Pasta, Geraldo Reple Sobrinho. 

“A Prefeitura sempre diz que as equipes estão completas, mas nunca apresenta uma planilha detalhada das equipes. Contratar pessoal de enfermagem não é difícil, porque temos muitos profissionais em busca de trabalho. Especialistas é o que mais falta”, comenta a sindicalista, ao revelar que São Bernardo tem apenas 5% dos servidores da saúde concursados. Os outros 95%, diz, estão divididos entre a FUABC (Fundação do ABC), organização que gerencia o complexo hospitalar da cidade, e profissionais PJ. A primeira, aliás, informou que 9.506 colaboradores atuam no município. 

Questionada também sobre a falta de neuropediatras, problema que tem dificultado o atendimento a crianças autistas, a FUABC informou, em nota, que iniciou processo para contratação de profissionais para reforçar as equipes, mas destaca que tem encontrado dificuldades. “Vale ressaltar que se trata de especialidade com grande exigência na formação acadêmica e baixa adesão, o que faz com que a oferta desses profissionais no mercado seja reduzida, dificultando a pronta contratação e a eventual necessidade de reposição do quadro.”

Já a Prefeitura, questionada sobre a falta de informações em relação ao número de servidores da saúde ligados à administração, informou somente “que a relação de funcionários da administração municipal pode ser consultada no Portal da Transparência”.




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