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Superendividamento
Da Redação
29/01/2023 | 06:31
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Bancos estão entre as empresas que mais lucram no País. Basta ver os balanços publicados trimestralmente para notar os ganhos exorbitantes destas corporações. Nada de errado até aqui. O Brasil é uma democracia capitalista de cujo governo se espera que garanta ambiente saudável para o desenvolvi mento de atividades econômicas sustentáveis, desde que lícitas. O sistema financeiro, porém, tem outra face, menos amistosa. Reportagem publicada nesta edição do Diário, baseada em estudo do serviço de proteção ao crédito, expõe o lado sombrio da história. O brasileiro em geral, e o morador do Grande ABC em particular, está se endividando a ponto de não conseguir honrar seus compromissos bancários.

Divulgado pela CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de São Caetano, estudo que utilizou dados do SPC Brasil Serviço de Proteção ao Crédito) relativos a dezembro de 2023, mostra que 74,05% dos consumidores inadimplentes no Grande ABC possuem dívidas com os bancos – a soma de todos os débitos de cada indivíduo chega, na média, a R$ 4.898,27. É número muito elevado, a demonstrar algum tipo de disfuncionalidade. Pergunta-se: por que se emprestou tanto dinheiro para quem não tinha condições de pagar? Os bancos fazem a triagem necessária ou se importam apenas com seus lucros, transferindo para o Estado, via Poder Judiciário, a conta da execução dos inadimplentes?

O superendividamento do cidadão é assunto urgente. Os bancos têm obrigação de criar mecanismos que impeçam os clientes de tomarem empréstimos além da possibilidade de pagamento. Antes de liberar dinheiro, é preciso saber se o cidadão terá capacidade de honrar a quitação sem pôr em risco a própria subsistência. Zelar pela saúde das relações comerciais é responsabilidade de todos. O ideal é que o próprio mercado, consciente de sua função social, autorregule-se. Todavia, se houver resistência, o poder público tem por obrigação intervir, criando normas para proteger o sistema financeiro, sob risco de colocar em xeque a sustentabilidade de um dos pilares da economia, o crédito consciente.
 




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