Setecidades Titulo De alunas a futuras cientistas
Empresa de Diadema abre as portas para programa que incentiva a presença de meninas e mulheres na ciência

'Futuras Cientistas' traz jovens de escola pública para dentro dos laboratórios da multinacional IMDC, com sede no Grande ABC; meninas se inspiram e sonham com futuro na pesquisa

Joyce Cunha
29/01/2023 | 06:10
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(Foto: Celso Luiz/DGABC)


Jovens alunas matriculadas no 3º ano do ensino médio em escolas públicas do Grande ABC e da Capital começaram a trilhar, neste mês, um caminho que pode significar, além da oportunidade de crescimento, a diminuição das desigualdades de gênero no universo da ciência. A IMCD, multinacional que atua na área química, abriu as portas de sua unidade em Diadema para despertar entre as estudantes novos interesses – e quem sabe até novos sonhos – no projeto Futuras Cientistas. 

Na etapa inicial do programa, oito meninas, selecionadas em um processo realizado em 2022, participaram de imersão nos laboratórios da empresa. Na primeira quinzena de janeiro, as estudantes experimentaram teoria e prática do desenvolvimento de tecnologias para o setor químico, conduzidas por especialistas da IMCD adentro das rotinas de formulações e aplicações voltadas aos segmentos de alimentação, revestimentos e construção civil, beleza e cuidados pessoais.
 
Dados do Instituto de Estatísticas da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) indicam que menos de 30% dos pesquisadores do mundo são mulheres. Remando contra a maré da baixa participação feminina – e inspirada pela curiosidade do próprio pai, que é pedreiro autônomo – Letícia Rodrigues Santos, 17 anos, encontrou no Futuras Cientistas a chance de retomar um desejo de infância.
 
"Sempre gostei de química. Quando era pequena, pegava as coisas lá em casa para misturar, como se estivesse em um laboratório. Via na TV reportagens falando sobre ciência, mas só ouvia nome de homens. Na minha cabeça de criança, achava que mulheres não tinham espaço nesse mercado. E conforme fui crescendo, fui esquecendo desse sonho”, recordou a estudante, que mora no Jardim Eldorado, em Diadema, perto da sede da IMCD.
 
“Quando apareceu essa oportunidade, lembrei de tudo aquilo que fazia quando era pequena. Quis saber como funcionava. Muitas meninas não compreendem as possibilidades dentro da área da pesquisa. Esse projeto mostra e amplia nosso conhecimento”, destacou Letícia. Tanto é verdade que agora, quando chega em casa, a jovem compartilha com o pai os novos aprendizados. No laboratório de construção civil da IMCD, aprendeu, entre outras, fórmulas desenvolvidas para criar concreto de alto desempenho, material utilizado em obras icônicas, como o MASP (Museu de Arte de São Paulo).
 
Nas próximas semanas, as oito jovens iniciarão a segunda fase do projeto: curso preparatório para as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A terceira etapa envolve mentoria para a carreira profissional. O Futuras Cientistas, criado pelo Cetene (Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologias e Inovações, prevê que ao fim deste trajeto as estudantes que ingressarem em cursos superiores na área de ciências, tecnologia, engenharia e matemática possam fazer estágio dentro das instituições participantes. 
 
Taise Aline Matos de Azevedo, 17, estudante de química na Etec Cidade Tiradentes, em São Paulo, acordou todos os dias às 4h, pegou ônibus e metrô lotados. Tudo para viver a experiência do laboratório. “Vim sem expectativa nenhuma para a química. Entrei e mudei totalmente meu pensamento. Sempre tive a ideia de ter minha empresa no futuro. Quero fazer um produto meu um dia”, revelou.
 

“A IMCD é a primeira empresa a apoiar este programa. Essa parceria, que está dentro de nossos pilares de atuação, nos possibilita criar oportunidades para meninas de baixa renda da Região Metropolitana de São Paulo”, declarou o presidente da IMCD nas Américas, Nicolas Kaufmann. 




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