Em primeira reunião com equipe, presidente destacou a importância da boa relação com o Congresso e o discurso afinado entre as pastas
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Na primeira reunião ministerial do mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu vários recados aos auxiliares, que protagonizaram declarações desencontradas e provocaram constrangimento ao governo na largada. O petista disse que quem cometer atos ilícitos será demitido, mas, em um discurso dúbio, afirmou que não deixará “ninguém na estrada” e estará sempre disposto a apoiar os ministros. “Quem fizer errado sabe que só tem um jeito: a pessoa será simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo. E, se cometeu algo grave, a pessoa terá de se colocar diante das investigação e da própria Justiça”, avisou Lula na Sala Suprema do Palácio do Planalto.
A manifestação do presidente ocorreu dias após virem à tona notícias de que a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, tem relações políticas com acusados de chefiar milícias no Rio. Reeleita como a mais votada deputada federal do Estado, Daniela é filiada ao União Brasil. A maior parte da legenda apoiou a campanha de Jair Bolsonaro. Porém, Daniela e seu marido, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, prefeito de Belford Roxo (RJ), se juntaram aos aliados de Lula.
Diante de 37 ministros, Lula destacou a importância da boa relação com o Congresso, disse que o governo não é de “pensamento único”, mas, após indicar que quem errar será demitido, tomou outra direção. “Estejam certos de que eu estarei apoiando cada um de vocês nos momentos bons e nos momentos ruins Não deixarei nenhum de vocês no meio da estrada. Não deixarei nenhum de vocês”, afirmou.
Lula proibiu a entrada de celulares na reunião, que durou quatro horas e meia e contou com a presença da primeira-dama Rosângela Silva, a Janja. A portas fechadas, o presidente pediu que a equipe aposente a palavra “gasto” do vocabulário. Afirmou que o único gasto aceito pelo mercado financeiro é o de juros, mas destacou a importância da mudança desse discurso.
Segundo relatos de participantes do encontro, Lula disse que o governo tem de falar de investimento. Ele lembrou que deu essa orientação ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Pouco antes, Haddad havia dito que os gastos deste ano já estão contratados no Orçamento e pediu aos colegas cuidado para que não fossem feitas novas despesas, sob pena de corte. O ministro argumentou, ainda, que todos os anúncios de medidas e programas devem levar isso em conta. Lula disse que o governo não deixará de enfrentar a questão fiscal. Mais uma vez, porém, ponderou que gasto social precisa ser encarado como investimento, não como despesa.
<EM>Ao se dirigir a Haddad e à ministra do Planejamento, Simone Tebet, Lula afirmou que o papel da equipe econômica é dizer que não tem dinheiro; o dos demais ministros é pedir recursos; e o dele é o de arbitrar, descobrindo brechas para arrumar verba.
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