Cultura & Lazer Titulo
Minissérie da Globo se inspira na história do 'Caramuru'
Do Diário do Grande ABC
26/01/2000 | 16:08
Compartilhar notícia


Um ano após a exibiçao da microssérie O Auto da Compadecida, o diretor Guel Arraes começou a realizar outro projeto com o mesmo formato. Agora, vai focalizar um episódio da história do país em A Invençao do Brasil. Selton Mello é, outra vez, o protagonista, ao lado de Camila Pitanga, Débora Secco, Débora Bloch, Luís Mello e Tunico Pereira. O programa faz parte das comemoraçoes feitas pela Globo dos 500 anos do Descobrimento e irá ao ar a partir de 18 de abril, às 22h30.

Durante uma semana, a equipe de cerca de 40 pessoas gravou em Picinguaba, praia do litoral de Sao Paulo, distante cerca de 200 quilômetros do Rio. Enquanto o Auto foi feito em película, Invençao sairá em alta definiçao (HDTV). O diretor admite que nao domina a nova tecnologia. "Os técnicos resolvem os problemas para mim", afirmou. "Mas, por enquanto, nao vejo diferenças".

A microssérie, em quatro capítulos, é inspirada na história de Diogo Alvares, o Caramuru. Era um português que, por acaso, veio parar no Brasil e escapou de ser morto pelos índios ao dar um tiro para o alto. Assustados, os índios transformaram-no em rei da tribo. Ele se apaixonou pelas índias Paraguaçu (Camila Pitanga) e Moema (Débora Secco) e viveu um romance com as duas.

"Vamos fazer uma comédia que é quase uma fábula", explicou Arraes. Ele e Jorge Furtado levaram cinco meses para escrever o roteiro. As gravaçoes serao realizadas no Rio até metade de fevereiro quando parte da equipe segue para Portugal. Durante 12 dias, gravarao entre Lisboa, Obidos e Batalha.

Arraes evita comparaçoes entre Auto e Invençao por considerar os projetos muito diferentes entre si. Tanto que define o primeiro como uma "música de câmara" enquanto o segundo seria pop, "algo como neotropicalista". "Invençao" vai misturar ficçao com documentário.

O diretor disse que o sucesso do Auto foi além das suas expectativas. Ele sabe que, agora, esperam que o novo trabalho repita o sucesso. Mas prefere nao pensar sobre isso. Ele sabe, também, que seu nome, hoje, virou uma grife televisiva. "Nao vou ter falsa modéstia, sei que tenho mérito nisso", afirma. "Mas meu grande mérito, mesmo, foi o de ter reunido um monte de gente boa para trabalhar junto", observa. "Eu utilizei minhas possibilidades de produtor para levar profissionais de qualidade para a TV a fim de aprender com elas".

Grife - Por conta dessa "grife", o diretor consegue manter-se distante das novelas. Arraes conta que se seus projetos ficam bons é porque, "com certeza", ele consegue tempo para elaborá-lo. E tudo isso só ocorre porque a direçao da emissora acredita que essa fórmula funciona. "Meus projetos podem nao ser estouro de audiência, mas têm repercussao crítica", diz. "É bom que seja assim, porque a TV é impiedosa".

Detalhista - Arraes continuará a fugir das novelas como Diogo Alvares fugiu dos índios. A principal diferença é que o diretor nao tem planos de se integrar à tribo para sobreviver. "Nao sei fazer novela porque nao sei improvisar", explica. "Se eu nao combino tudo nos mínimo detalhes fico atarantado". Na sua opiniao, quem dá "show" na direçao de novelas é Jorge Fernando. "Eu me perco nos detalhes e nada anda".

Como diretor de núcleo, Arraes cuida do "Casseta & Planeta: Urgente!" e de "Muvuca". Sobre o primeiro, diz que o programa "já anda sozinho". Sobre o outro, só pretende pensar em algo quando terminar a microssérie. "O que me tira o medo de avançar pelo novo é me apaixonar por um projeto", disse ele, que continua a usar apenas sandálias e bolsas de couro, dessas compradas em feiras nordestinas. "É essa paixao que me move e nao o sucesso".




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;