Cinqüenta e oito policiais bolivianos feitos reféns por líderes civis do povoado de Yacuiba foram libertados na tarde desta quinta-feira, quase um dia depois dos violentos protestos por maiores recursos provenientes da exportação de gás.

Um dos reféns, o coronel Jaime Reyes, comandante da polícia de fronteira, disse que depois de um acordo entre o ministro de Governo, Alfredo Rada, e autoridades de Yacuiba, negociadas com a exigência do reconhecimento de seus direitos sobre uma enorme reserva de gás, os líderes concordaram com a liberação dos oficiais, com a condição de que fossem embarcados diretamente para La Paz.

Na noite desta quarta-feira, centenas de manifestantes que cercavam uma unidade de bombeamento de gás na cidade de Yacuiba, no sudeste da Bolívia, tomaram as armas dos policiais que protegiam o local e ameaçavam suspender o fornecimento do produto ao Brasil e à Argentina.

Os policiais foram levados para a sede da Câmara Municipal de Yacuiba, onde não foram agredidos, mas permaneciam como reféns. Mais cedo, uma pessoa morreu e pelo menos dez manifestantes ficaram feridos em choques entre a polícia e o Exército em torno de outra estação de bombeamento da região, em Villamontes.

Derman Ruiz, 37 anos, foi vítima de um tiro na perna, que teria partido das forças oficiais durante o conflito.

A crise começou na segunda-feira passada, quando autoridades dos municípios de Gran Chaco e O'Connor, na jurisdição do departamento de Tarija, bloquearam estradas e exigiram o fechamento de válvulas do complexo de gás sul-boliviano pela posse da reserva Margarita, a mais importante do país, administrada pela espanhola Repsol.

Trata-se de uma disputa entre os dois municípios pelo repasse de 25 milhões de dólares anuais provenientes de royalties.