Economia Titulo Calçadão
Oliveira Lima faz pulsar a economia da região

Aproximadamente 50 mil pessoas passam diariamente pelo calçadão no Centro de Santo André

Ana Caroline Enis
Especial para o Diário
16/12/2022 | 08:41
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Celso Luiz/DGABC


Um dos maiores centros comerciais do Brasil, a Rua Coronel Oliveira Lima tem sua história completamente entranhada com o processo de crescimento econômico e industrial do Grande ABC. Na metade do século 19, a região que hoje abrigaas sete cidades metropolitanas não tinha nada além de pequenos espaços agrícolas, cafezais e fazendas (como a maioria do Brasil), até que, por volta do ano de 1885, seus negócios rurais ganharam destaque, e surgiu uma nova forma de transportar o café local: instalando uma linha férrea (parte do que hoje é conhecido como Linha 10 - Turquesa).

Através do trem, não somente saíam da cidade os alimentos exportados, como também entravam novos trabalhadores agricultores e toda uma estrutura urbana e econômica. Logo, negócios começaram a emergir, e em 1899 a fabricante de móveis Streiff abriu suas portas na atual Rua Coronel Oliveira Lima, iniciando um grande comércio regional que passaria o título andreense de "polo industrial" para "polo do empreendimento".

Desde então, todo o entorno da Estação Santo André, seguindo para a rua Senador Fláquer e, claro, a Oliveira Lima, se consolidou como uma central financeira e de serviços à céu aberto.

Assim, de estátuas vivas e vendedores ambulantes até grandes marcas do varejo, todos sabem que algum lucro sairá do famoso calçadão, e colocam sua confiança nisso. É o caso de Benjamin Telet, proprietário da camisaria Riviera há 63 anos no local e que, atualmente, carrega o título de comerciante mais antigo do centro. Em 1959, Telet abriu seu negócio de camisas, calças e ternos de alta costura, pensando em ganhar a vida dentro da mesma rua em que nasceu e cresceu.

"Vários shoppings já me convidaram, me davam o ponto de graça, reduziam o aluguel, mas eu nunca quis. Nunca tive a pretensão de ter mais lojas, de ficar em outro lugar que não seja esse aqui" , conta o comerciante, e complementa: "algo que ouço muito é ''meu avô comprava com o senhor''. Eu atendi as três gerações, e isso é bom porque não paramos no tempo, mesmo com as mudanças na economia, acompanhamos as tendências e seguimos".

Benjamin afirma, ainda, que os meses de novembro e dezembro trazem um aumento de 60% nas vendas, porém, percebeu que o mercado neste ano não anda tão estável (segundo ele, devido ao atual cenário de transições políticas e recuperações econômicas).

AÇÕES

Além de toda a importância histórica e financeira do comércio, a rua Coronel Oliveira Lima vem sendo palco de diversas ações socio-econômicas no município de Santo André, como a Feira de Economia Criativa e o Circuito Andreense de Empreendedorismo.

De acordo com Evandro Banzato, secretário de Desenvolvimento e Geração de Emprego de Santo André, o corredor é, atualmente, "um local por onde passam cerca de 50 mil pessoas por dia. Pelo fato de estar próximo aos terminais rodoviários e ferroviários, isso atrai não apenas moradores de Santo André, mas também da Capital e de outras cidades do Grande ABC. Com certeza, todos passam por esse importante eixo comercial e financeiro".

Todo este fluxo histórico se mantém a todo vapor, graças ao zelo que o cidadão, trabalhadores e entidades públicas têm com a rua; é o que explica Pedro Cia Junior, presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André). "O comércio no nosso centro ainda é muitoforte. A cidade está muito bem, é organizada, e a credibilidade política gerou a possibilidade de se abrir para investimentos, isso é notório", afirma Pedro.

Por fim, para manter a rua ativa economicamente com seus mais de 120 anos, é de suma importância investir no aperfeiçoamento, reformas e modernização local.

"Para intensificar o comércio da rua, o poder público está investindo, por exemplo, cerca de R$ 250 mil na reforma de concha acústica, pensando em fomentar o turismo cultural, uma vez que a rua também é um centro artístico e histórico", conta Banzato, e Cia Júnior concorda: "a origem econômica da cidade está se alterando; aplicar a tecnologia no local é a vacinapara nossa economia".




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