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Em crise, Paranapanema demite 80 e faz pedido de recuperação judicial

Empresa, que tem unidade em Santo André, pretende renegociar dívidas que somam R$ 450 milhões; trabalhadores podem parar hoje

Ana Caroline Enis
Especial para o Diário
02/12/2022 | 08:23
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Divulgação


A siderúrgica Paranapanema anunciou ontem (1°) um pedido de recuperação judicial urgente junto à 1ª Região Administrativa Judiciária da cidade de São Paulo. A empresa demitiu cerca de 80 funcionários da planta de Santo André.

Segundo comunicado oficial, o objetivo é "restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro, honrar os compromissos e, em um futuro próximo, retomar o crescimento".

Este tipo de pedido permite que companhias suspendam e renegociem parte das dívidas acumuladas em um período de crise, evitando falência, demissões e falta de pagamentos. No caso da Paranapanema, a solicitação envolve um conjunto de dívidas operacionais na ordem de R$ 450 milhões e, de acordo com Marcelo Milliet, diretor presidente e de relações com investidores, isso dará "fôlego para a empresa retomar o fluxo normal de operações e garantir o abastecimento de mercado".

Segundo Geovane Corrêa, trabalhador da Paranapanema há 26 anos e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, aproximadamente 80 pessoas foram demitidas na terça-feira (29), quatro dias após terem selado um acordo de banco de horas.

Corrêa conta que os desligamentos não eram esperados, uma vez que todos vinham dialogando abertamente sobre as dívidas e falta de insumos da empresa. Também, foram surpreendidos pela mudança repentina do diretorpresidente. A Paranapanema nomeou Marcelo Milliet para o cargo. O representante do sindicato ainda afirma que os trabalhadores souberam das mudanças por terceiros, e não receberam nenhuma informação sobre prazos de pagamento aos desligados.

"Se os trabalhadores fossem envolvidos nessa decisão, o sindicato ao menos saberia como ajudar toda a fábrica. Mas, a partir do momento em que os funcionários não têm autonomia para participar de nada, isso se torna muito desconfortável", diz Corrêa.

Em um vídeo institucional divulgado, Milliet afirma que "estamos comprometidos em recontratar os desligados assim que conseguirmos retomar nosso ritmo de produção", além de anunciar que a recuperação judicial não vai impactar o pagamento de salários ou benefícios.

Mesmo assim, o sindicato pede um parecer oficial. "O maior problema é a falta de diálogo da empresa com os trabalhadores. Isso causou um estrago muito grande, e até agora a firma não se pronunciou diretamente. Ou seja, essa decisão foi feita de forma unilateral, sem nos explicar tudo o que está acontecendo, o que gerou desconfiança sobre o destino que teremos", afirmou Corrêa. "Sobre os demitidos, queremos saber se os pagamentos serão feitos conforme a lei exige. Porém, não tivemos nenhuma resposta sobre isso. Protocolamos o pedido de informações e demos um aviso de greve, mas a empresa segue distante e fria sobre nossa situação, o que nos deixa apreensivos", completou.

ESTADO DE GREVE

Na quarta-feira (30), os funcionários se reuniram em protesto na porta da fábrica de Santo André, localizada em Utinga, dando um prazo de 48 horas (que termina hoje) para que a empresa promova uma reunião conjunta com os trabalhadores, a fim de discutir as demissões e o futuro do negócio.

Procurada pelo Diário, a Paranapanema não se pronunciou sobre as demissões.




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