Número, referente ao primeiro trimestre, equivale a 38% dos moradores das sete cidades com idades entre 18 e 65 anos
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No Grande ABC, 38% dos moradores na faixa etária dos 18 aos 65 anos estão inadimplentes, ou seja, possuem dívidas em atraso. Segundo levantamento realizado pela CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de São Caetano, em conjunto com o SPC Brasil, o índice corresponde a aproximadamente 390 mil pessoas com nome sujo no primeiro trimestre de 2022.
O advogado Alexandre Damasio, presidente da CDL de São Caetano, afirma que o comportamento de consumo do brasileiro é incompatível com o orçamento familiar. “Os programas de transferência de renda, como auxílios emergenciais, implementação de renda, adiantamento de salário e desoneração da folha de pagamento, ajudaram muitas pessoas a quitarem dívidas. Elas conseguiram com os dinheiros que receberam, não porque possuem educação financeira oriunda do aumento de emprego na região e isso seria um diferencial”, afirma.
No Brasil, a taxa de desemprego ficou em 11,1% no primeiro trimestre, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O indicador estava em 11,6% no trimestre que encerrou em novembro de 2021. “Ainda não temos reflexo de empregabilidade, apesar do crescimento no número de empregos na região. Esse retorno nas taxas de inadimplência ocorrerá no segundo trimestre”, afirma o presidente da CDL.
Damasio destaca o encarecimento do crédito e diminuição média de renda, reforçando que a retomada econômica – após o relaxamento das regras sanitárias – ainda não aconteceu. “As condições de pagamento diminuíram e muitas pessoas continuam comprando. Há uma mentalidade de crédito em que se gasta mais do que se tem. É como se a pessoa recebesse R$ 1.000 e gastasse R$ 1.500 porque o banco disponibilizou R$ 500 de cheque especial”, exemplifica.
O levantamento da CDL cria diagnósticos para tornar mais igualitária a balança entre oferta e tomada de crédito, afirma o presidente. “Ter o índice de inadimplência é essencial e somos a única instituição no Brasil que faz recortes regionais no SPC Serasa. Entregamos um dado exclusivo que torna o Grande ABC mais forte.”
Mesmo com essa vantagem, Damasio reforça que a taxa de 38% é alarmante. “Um empresário provavelmente terá mais cuidado em investir no consumo interno das sete cidades. Em contrapartida, o fato de termos esses dados faz com que sejamos mais atraentes para a iniciativa privada, para possibilidade de educação financeira e ações propositivas para implementação de políticas públicas que busquem estimular o consumo para a indústria e o varejo.”
De acordo com Damasio, a criação de políticas públicas de transferência de renda é essencial, assim como o diálogo com a iniciativa privada para criação de empregos e previsibilidade de ações que estimulem a economia local. Além disso, a educação financeira é o pilar necessário para retroceder o endividamento. “Com esse conhecimento, as pessoas entendem sobre juros de cheque especial, o que é inflação, tem a oportunidade de trocar uma dívida por outra com parcelas menores. Nós, da região, precisamos de ações que conscientizem a população neste sentido. Sem educação não há planejamento e isso gera esses números alarmantes”, afirma.
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